Guardas florestais armados do Parque Kruger, na África do Sul, mataram quase 500 moçambicanos maioritariamente jovens por caça ilegal nos últimos cinco anos, de acordo com o ex-presidente de Moçambique Joaquim Chissano.
O Kruger, principal atracção turística sul-africana, está na linha de frente de um surto de caça ilegal de rinocerontes. É grande a procura pelos chifres do animal em países como o Vietname, onde é um ingrediente cobiçado da medicina tradicional.
As gangues de caçadores geralmente têm armamento pesado, e os guardas do Parque Kruger, que compartilha uma fronteira porosa de 350 quilómetros com a empobrecida Moçambique, têm permissão para abrir fogo se forem ameaçados com força letal.
As autoridades dos Parques Nacionais da África do Sul encaminharam as perguntas sobre os comentários de Chissano, feitos na sexta-feira passada, à polícia, que não soube confirmar o número de caçadores ilegais mortos até esta segunda-feira. O porta-voz do Parque Kruger disse não haver dados disponíveis sobre a quantidade de prisões relacionadas à caça ilegal no último ano.
A agência dos parques nacionais afirma que a maioria dos suspeitos de praticarem a actividade que foram presos são moçambicanos, mas não forneceu nenhuma cifra.
Chissano, cuja fundação está envolvida na conservação, declarou que 82 caçadores ilegais moçambicanos foram mortos no Kruger só este ano, comparados aos 106 de todo o ano de 2014, sem citar fontes para seu cálculo.
“Preocupa-me haver um número bastante grande de moçambicanos mortos no Parque Kruger em actividades de caça ilegal”, disse o ex-líder. “A morte de cada um desses moçambicanos significa mais pobreza para sua família, porque não podem mais contar com ele para lutar por melhores condições de vida.”
