Todos se queixam da má qualidade do pão. Até os padeiros. O Governo fez recentemente uma fi scalização apertada. @Verdade encetou uma ronda e constatou que o peso do pão não passa dos 200 gramas. Na verdade, vendem-nos pão de má qualidade e roubam-nos no peso – eles (os padeiros) confessam-no – e nós, público pagante, que podemos fazer?
Os consumidores queixam-se do peso do pão. E as reclamações são legítimas: é que o este bem de consumo devia pesar 250 gramas, mas não passa dos 200g. Para quem antes consumia um pão, agora o dilema é outro: comer o dobro para atingir o mesmo nível de satisfação.
Situação que, pouco a pouco, começa a atormentar o bolso do cidadão comum para alimentar a sua família composta, regra geral, por cinco elementos.
“Estamos a pagar mais caro pelo produto”, reclama Borge Maguila que já começou a sentir o efeito no seu rendimento.
“Antes comprava quatro pães, agora sou forçado a adquirir seis ou mesmo oito”.
António Miguel é outro consumidor que também contesta a redução do tamanho daquele bem alimentar. “O preço do pão manteve-se, mas o peso reduziu. Isso já é um roubo”, desabafa para depois comentar: “assim já não dá”.
Já Rosa Timane, a qual encontrámos à porta de uma padaria constata que há muito que o peso do pão deixou de ser o mesmo. “Este pão não pesa, de modo algum, 250 gramas, embora assim o digam”, observa.
Esta consumidora vai mais longe ao comentar afirmando que “isso não é de hoje. Começou quando o Governo decidiu manter o preço anterior do pão”.
Fomos à procura do pão de 250 gramas
Em reportagem, @Verdade fez uma ronda pelas padarias espalhadas por toda a cidade de Maputo e constatou as seguintes tendências: ao invés dos 250g de peso estabelecido por cada unidade, há casos de padarias que comercializam pão com um peso muito abaixo.
E tudo indica que a tentativa de persuadir as padarias – subsidiando o preço do pão – a congelarem os aumentos no custo, que levaram as manifestações violentas, não surtiu efeito.
A título de exemplo, o pão vendido numa padaria algures no bairro central, que devia supostamente pesar 250 gramas, pesa menos 66g, ou seja, 184 gramas por unidade.
A mesma situação verifica-se numas padarias do Benfica onde o pão de 250g pesa 159.
Nas padarias Malhangalene, Jardim e Zona-Verde, o produto, em média, pesa 191, 140, e 161 gramas, respectivamente.
Esta é uma realidade conhecida pelas autoridades moçambicanas e até mesmo reconhecida pelos próprios padeiros.
Aliás, na semana passada, dia 7 de Outubro, o Governo acusou os panifi cadores de estarem a reduzir ilegalmente o peso do pão, não obstante se ter anunciado subsídios a este bem de consumo.
A Associação Moçambicana dos Panificadores (AMOPÃO) defendeu-se afirmando que o peso exigido (250g) é prejudicial ao negócio.
No encontro do passado dia 7, promovido pelo Executivo, os panificadores mostraram a lista de custos de produção constituída por lenha, electricidade, fermentos e salários para os trabalhadores.
O Executivo exige que o peso do pão seja de 250 gramas. Mas os panificadores fundamentam que, para que o produto final chegue ao consumidor com aquelas medidas, é necessário aumentar o volume da massa.
E, diga-se, ao seguir-se à risca esta decisão – o que acarreta mais custos no processo produtivo -, consequentemente, o preço do pão poderá sofrer um agravamento, facto que colocará em causa as medidas do Governo.