O documentário “This Is It” foi exibido pela primeira vez na noite de terça-feira para mostrar o que poderia ter sido e não teve a chance de acontecer: o retorno de um Michael Jackson com um superdom para a dança como quando era jovem e com a mesma voz de criança dos Jackson Five, mas fisicamente mais alterado que nunca. “Obrigado por seu esforço, por sua paciência, por sua compreensão.
Esta é uma grande aventura. Agora todos somos uma família”, afirma Jackson com uma voz infantil à equipe de dançarinos, músicos e produtores do espetáculo que preparava para estrear no dia 13 de Julho em Londres. Com uma produção repleta de efeitos especiais, fogos de artifício, coreografias com dezenas de pessoas e até mesmo uma introdução de “Smooth Criminal” com uma montagem do filme “Gilda” (1946), na qual briga pelo amor de Rita Hayworth, Jackson pretendia voltar aos palcos como se nunca tivesse deixado de ensaiar os passos de “Thriller” ou de cantar “I’ll be there”.
As imagens dos ensaios – que dão mostras de como o rei do pop estava artisticamente nos últimos meses de vida – não revelam nenhum aspecto desconhecido da personagem que o mundo chora desde amorte em 25 de Junho em consequência de uma parada cardíaca após uma injeção letal de um coquetel de sedativos. Ressalta a figura andrógina e genial de um artista envolvido em cada aspecto de suas canções, das luzes ao cenário, passando pela seleção de dançarinos. O filme provavelmente incitará as especulações sobre se teria sido capaz de realizar 50 shows em seu estado de extrema magreza.
O documentário dirigido por Kenny Ortega honra cada um dos atributos deste artista que viveu cercado de polêmica desde muito jovem e, provavelmente, provocará novas vendas das músicas de Michael Jackson, uma vez que estas gravações percorrerem as salas de cinema do mundo inteiro por, a princípio, apenas duas semanas.
Em Los Angeles, a première aconteceu no teatro Nokia do centro da cidade, diante do ginásio Staples Center, onde foram gravadas grande parte das cenas de ensaio, compradas pelo estúdio Sony Pictures por 60 milhões de dólares, e onde aconteceu o tributo fúnebre repleto de estrelas em 7 de Julho que foi assistido por milhões de espectadores e internautas no planeta.
Quando Will Smith, Paris Hilton e Jennifer Love Hewitt passaram apressados pelo tapete vermelho para assistir a primeira exibição mundial do documentário, a cidade de Los Angeles era era varrida por uma incomum tempestade, que provocou apagões em vários bairros. Jermaine e Tito, irmãos de Jackson, e o actor Mickey Rooney também assistiam à premiere em Los Angeles. Outro presente foi o advogado do rei do pop durante um julgamento por abuso sexual em 2005, Thomas Mesereau.
“Este é o seu momento para brilhar”, afirma Michael Jackson a sua guitarrista em um ensaio para que ela se destacasse no palco, frase que serve de epíteto para o artista capaz de impor sua vontade ao director musical sempre em um tom sereno e com voz de guru, cercado por uma equipe que parecia admirá-lo tanto ou mais que um fã comum.
O documentário ressuscita um artista que os fãs se recusam a sepultar e que o mundo parece sentir falta como único, enquanto os donos de seu legado artístico sabem como manter viva uma figura que vendeu 750 milhões de álbuns em todo o mundo ainda vivo e parece disposto a superar recordes no túmulo.