O drama “Spotlight” ficou este domingo com o Óscar de melhor filme numa edição na qual o cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu fez história ao ganhar, graças a “The Revenant”, a sua segunda estatueta consecutiva de melhor realizador.
“Spotlight”, realizado por Tom McCarthy, ganhou dois prémios (melhor filme e melhor guião original), enquanto “The Revenant” ficou com três Óscares: o de Iñárritu; o de melhor fotografia para o mexicano Emmanuel Lubezki; assim como o esperado e ansiado prémio para Leonardo DiCaprio como melhor actor.
No entanto, o filme mais premiado da 88ª edição dos Óscares, que aconteceu este domingo no Dolby Theatre de Los Angeles, foi “Mad Max: Fury Road”, que levou seis prémios, todos eles em categorias técnicas: melhor figurino, projecto de produção, maquilhagem, montagem, edição de som e montagem.
Iñárritu foi um dos nomes em destaque da noite já que, após ganhar o Óscar de melhor realizador no ano passado por “Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)”, repetiu este ano o prémio com “The Revenant”.
Assim escreveu o seu nome em Hollywood junto a John Ford e Joseph L. Mankiewicz, os únicos cineastas que tinham conseguido o feito antes. “Não posso acreditar que isto esteja a acontecer”, afirmou Iñárritu no palco, ao agradecer à equipa do filme “do fundo” do seu coração.
“E ‘Bode’, obrigado pela sua luz”, disse ao se referir a Emmanuel Lubezki, que somou com “The Revenant” o seu terceiro Óscar consecutivo após vencer nos últimos dois anos com “Gravity” e “Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)”.
Iñárritu também teve palavras para defender a diversidade: “Existe pessoas à qual não ouvem porque neles só vêem a cor da pele. Temos que nos libertar desses preconceitos e conseguir que a cor da pele seja algo irrelevante”.
Já Leonardo DiCaprio, que encarnou o explorador Hugh Glass em “The Revenant”, recebeu o Óscar de melhor actor, um prémio muito esperado já que é a primeira estatueta para o intérprete após cinco nomeações como actor.
“Você está a fazer história no cinema. Obrigado a você e a Lubezki por criar experiências cinematográficas transcendentes”, disse sobre Iñarritú, depois do que advertiu da urgência de lutar contra a mudança climática, que é “a ameaça mais urgente” que o homem enfrenta.
Apesar disso, “The Revenant” não foi capaz de ficar com o prémio de melhor filme, que foi para “Spotlight”, sobre a investigação jornalística sobre abusos sexuais cometidos por sacerdotes católicos em Boston.
O seu realizador, Tom McCarthy, afirmou que o filme “deu voz” aos sobreviventes daqueles abusos e afirmou que o Óscar servirá para “amplificar” essa mensagem.
O prémio de melhor actriz cumpriu as previsões e foi para Brie Larsson por “The Room”, enquanto a atriz sueca Alicia Vikander ficou com o Óscar de melhor actriz secundária por “The Danish Girl”.
Uma das grandes surpresas da noite foi a derrota de Sylvester Stallone, cujo Óscar de melhor actor secundário parecia certo pela sua interpretação do pugilista Rocky Balboa em “Creed”, mas que acabou por ir para Mark Rylance por “Bridge of Spies”.
“The Martian”, de Ridley Scott, concorria em sete categorias mas não ganhou nenhuma estatueta.
O brasileiro “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, e o colombiana “O Abraço da Serpente”, de Ciro Guerra, não ganharam o Óscar de melhor animação e melhor filme estrangeiro, que foram para “Inside Out” e o húngaro “O Filho de Saul”, respetivamente.
Além disso, o mundo da música rendeu-se aos pés do lendário compositor italiano Ennio Morricone, que aos 87 anos ganhou a sua primeira estatueta pela banda-sonora de “The Hateful Eight”, de Quentin Tarantino.
Por último, “Amy”, que relata a história da falecida cantora Amy Winehouse, ganhou o Óscar de melhor documentário, enquanto “Ex Machina” levou o prémio de efeitos especiais, derrotando “superproduções” como “Mad Max: Fury Road” e “Star Wars: The Force Awakens”.