O presidente da Turquia, Abdullah Gul, disse, Segunda-feira (8), que os “piores cenários” estão a desenrolar-se na Síria, e que a Turquia fará o que for necessário para proteger-se.
Pelo sexto dia consecutivo, os militares turcos retaliaram a Síria por disparos na fronteira. Gul disse que a violência no país vizinho, onde uma revolta contra o presidente Bashar al Assad deu origem a uma guerra civil que ameaça envolver potências regionais, não pode durar indefinidamente, e que a queda de Assad é inevitável.
“Os piores cenários estão a ocorrer neste momento na Síria . O nosso governo está em constantes consultas com os militares turcos. Tudo o que for necessário está a ser feito imediatamente, e continuará a ser feito”, disse Gul.
“Haverá uma mudança, uma transição mais cedo ou mais tarde . É uma obrigação para a comunidade internacional tomar medidas efectivas antes que a Síria torne-se um desastre maior e mais sangue seja derramado, e esse é o nosso maior desejo”, afirmou ele em Ancara.
As Forças Armadas turcas reforçaram nos últimos dias a sua presença nos 900 quilómetros de fronteira com a Síria, e estão a reagir contra disparos que atinjam o seu território. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a escalada do conflito na fronteira turco-síria e o impacto da crise no Líbano são “extremamente perigosos”.
“A situação na Síria piorou dramaticamente. Ela está a representar um sério risco à estabilidade dos vizinhos da Síria e à região inteira”, disse Ban numa conferência em Estrasburgo, na França. Ban afirmou que o enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, Lakhdar Brahimi, vai voltar, esta semana, à região.
A troca de disparos entre a Turquia e a Síria marca a mais grave série de incidentes na fronteira desde o início da revolta síria, em Março de 2011.
“A partir de agora, o todo ataque contra nós será respondido imediatamente. Cada ataque que alvejar a nossa soberania e a segurança das nossas vidas e propriedade encontrará a sua resposta”, disse o porta-voz governamental Bulent Arinc após uma reunião do gabinete.
O Parlamento turco autorizou, semana passada, a mobilização de tropas além das suas fronteiras, mas as autoridades disseram que o objectivo disso é a dissuasão, e não um “mandato de guerra”. “A Turquia vai decidir por conta própria quando a situação exige os actos mencionados na moção que o Parlamento aprovou, semana passada.
Ninguém deveria pensar que a guerra vai seguir-se a uma aprovação parlamentar , mas somos mais sensíveis por nossa independência e soberania do que a maioria dos países”, disse Arinc.
A agência de notícias Dogan disse que cerca de 25 aviões foram enviados a uma base aérea em Diyarbakir, maior cidade do sudeste turco, e citou fontes militares segundo as quais isso tinha ligação directa com operações transfronteiriças de combate ao terrorismo na Síria.