O presidente da Rússia, Vladimir Putin, criticou, Terça-feira (18), os planos orçamentários do seu governo e fez uma rara repreensão pública a ministros, acusando-os de desobedecer ordens dadas depois do início do seu actual mandato, em Maio.
As declarações, durante uma reunião ministerial sobre a estratégia orçamentária, no balneário de Sochi (sudoeste), sugerem que a paciência de Putin com o seu primeiro-minisrtro Dimitry Medvedev está a esgotar-se, apenas quatro meses depois da formação de um novo governo.
Putin, de 59 anos, que domina a política russa desde 2000, disse que a proposta de política fiscal para os próximos três anos deixa de levar em conta os compromissos previstos em decretos baixados por ele desde que reassumiu a Presidência.
“Se tudo continuar como esboçado no plano, um ou outro ponto desses decretos não poderá ser implementado. Já vejo isso. Mas eles precisam de ser implementados”, disse Putin.
Geralmente, o estilo de Putin baseia-se na forte lealdade dos seus aliados e na continuidade do governo, num ambiente onde divergências raramente vêm a público.
As declarações foram feitas na ausência de Medvedev, que havia viajado para uma audiência do “governo aberto”, iniciativa amplamente acusada como uma vitrine populista com poucos resultados concretos.
Putin tornou-se o principal líder russo quando o então presidente Boris Yeltsin renunciou, no último dia de 1999, e entregou-lhe o poder.
Em 2008, após cumprir o limite de dois mandatos presidenciais consecutivos, Putin indicou o seu primeiro-ministro Medvedev para sucedê-lo, e ele próprio passou os quatro anos seguintes como primeiro-ministro.
Em 2012, trocaram de papel novamente, e desde então há crescentes especulações de que Medvedev poderia deixar o governo.
“Se Putin realmente pretende substituir o primeiro-ministro e o governo por uma equipe mais forte no outono (no hemisfério Norte), – e não acho que haja outra escolha -, é claro que ele precisa que os cidadãos entendam por que está a fazer isso”, disse o analista Nikolai Petrov, do Carnegie Centre, em Moscvo.
O plano orçamentário deve ser oficialmente discutido pelo gabinete, e, diante das críticas do presidente, é improvável que ele seja aprovado na sua forma actual.
Putin telefonou para Medvedev para determinar que advirta dois ministros que não implementaram os decretos presidenciais. Mais tarde, um porta-voz do Kremlin disse que um terceiro ministro será também repreendido.
Além de gerar incertezas sobre o futuro de Medvedev, a reunião também motivou dúvidas sobre o compromisso do Kremlin em equilibrar o seu orçamento em médio prazo, após os intensos gastos públicos feitos antes da campanha presidencial de Março.