Pelo menos 27 pessoas foram mortas durante protestos em Cartum contra o corte dos subsídios a combustíveis anunciado pelo presidente Omar Hassan al-Bashir, disse uma fonte médica, Quinta-feira (25), no pior episódio de agitação social em anos na capital do Sudão.
Milhares de manifestantes incendiaram carros e postos de gasolina nas áreas centrais da capital, quarta-feira. O acesso à Internet caiu em todo o país, embora a causa não tenha sido esclarecida. O presidente Bashir, apesar de ter um mandado de prisão emitido contra ele pela Corte Criminal Internacional, tem conseguido evitar protestos como os que derrubaram governantes em Estados árabes como o Egito e a Tunísia, mas a revolta aumenta face à inflação e a corrupção.
Uma autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU) disse à Reuters por email que Bashir, empossado num golpe de Estado em 1989, não iria a Nova York para a Assembleia-Geral da ONU. O presidente havia informado no Domingo que planeava comparecer e havia feito reserva num hotel.
Parentes e médicos disseram que pelo menos seis pessoas foram mortas nos protestos da Quarta-feira, mas uma fonte médica no hospital do bairro de Omdurman, em Cartum, disse à Reuters sob a condição de anonimato que “morreram 27 pessoas nos protestos e os seus corpos estão no hospital de Omdurman”.
O país árabe na África tem sofrido por décadas com insurgências armadas nas suas empobrecidas regiões periféricas, mas as áreas centrais mais ricas ao longo do Nilo, incluindo Cartum, mantêm-se relativamente a salvo de agitação.
Protestos similares ocorreram em Junho do ano passado depois de alguns subsídios a combustíveis serem cortados, mas foram dissipados depois de um choque de segurança. A revolta actual começou na Segunda-feira, depois de o governo ter anunciado outra rodada de cortes nos subsídios aos combustíveis.