Funcionários da Oracle estavam a trabalhar na segunda-feira quando manifestantes entraram no prédio de nove andares em Bengaluru, centro de tecnologia da Índia, e pediram que saíssem como forma de apoio aos protestos que surgiram na cidade em relação a uma disputa sobre a água.
No início da tarde, um dos maiores escritórios no exterior da gigante de tecnologia norte-americana havia sido desocupado, disseram dois funcionários à Reuters, assim como dezenas de escritórios de multinacionais e empresas indianas em Bengaluru que permaneceram fechados na terça-feira para garantir a segurança das equipes.
Uma porta-voz da Oracle na Índia disse que não havia ninguém disponível para comentar sobre incidente.
Os dois dias de violência, nos quais manifestantes atearam fogo em autocarros e entraram em choque com a polícia após um tribunal ter ordenado que o Estado de Karnataka compartilhe a água de um rio com outra região, expuseram os crescentes problemas da caótica expansão do dinâmico centro de tecnologia indiano.
“Eles vem e vivem aqui, o que significa que nossos recursos estão a ser usados por eles. Amanhã, se não houver água na cidade, eles terão um escritório aqui?” disse o activista Keerthi Shankaraghatta, que lidera uma grupo que realizou pedidos pacíficos pelo fechamento de vários escritórios durante os protestos.
Vários grandes empregadores contactados pela Reuters disseram que a violência não havia mudado sua opinião sobre a cidade como um local atraente para sedes, mas nenhum quis ser citado. Ainda assim, grandes problemas de infraestrutura como congestionamentos e má gestão de recursos hídricos, podem atenuar a dianteira de Bengaluru ante outros centros comerciais dinâmicos na Índia e além.
Antes uma pacata cidade de aposentados conhecida como “Cidade Jardim” na década de 1990, Bengaluru, ou Bangalore, cresceu e se tornou uma metrópole de 10 milhões de habitantes, que é o lar de grandes escritórios de empresas como a Amazon.com, Dell e a gigante local Wipro.
Para alguns, a ascensão de Bengaluru espelha o progresso econômico da Índia ao longo das últimas duas décadas, com parques empresariais com milhares de jovens recém-formados, que falam inglês, atraídos pelo ar cosmopolita da cidade e por trabalhos em escritório bem remunerados. Mas o crescimento veio com um custo.
Ruas engarrafadas, imóveis com preços muito altos e lagos e espaços abertos cimentados. Muitos habitantes locais como Shankaraghatta estão irritados com a pressão de novos habitantes colocam nos recursos da cidade.