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Protestos contra Putin formam corrente humana em Moscovo

Milhares de russos juntaram-se neste domingo para formar uma corrente humana em volta do centro da cidade de Moscovo, em protesto contra o possível retorno de Vladimir Putin à Presidência nas eleições que serão realizadas na próxima semana.

Os manifestantes ficaram lado a lado sob a neve no Anel Viário dos Jardins em Moscovo, que tem 16 quilômetros de comprimento. Muitos deles usavam fitas brancas, que simbolizam os maiores protestos da oposição desde a chegada de Putin ao poder, há 12 anos.

O clima era de festividade entre os manifestantes, que gritavam “Rússia sem Putin” e acenavam para carros que buzinavam em apoio. Alguns participantes do protesto seguravam preservativos estourados e zombavam de Putin por ter dito que confundiu as fitas brancas que eles tinham presas às suas roupas com camisinhas.

“Não há como Putin ganhar honestamente”, afirmou Yevgeniya Chirikova, uma das lideranças da oposição. “Você vê quantas pessoas estão aqui agora. Se pudermos provar que há falsificação na eleição para presidente, haverá uma reação muito forte (das pessoas)”, acrescentou.

É praticamente certo que Putin vencerá a eleição em 4 de março, após uma campanha que o mostrou como um líder forte que liderou um boom econômico e reconstruiu a Rússia como uma nação poderosa. Ele já esteve no cargo entre 2000 e 2008.

Mas os protestos apontam crescente insatisfação entre os eleitores com maior poder aquisitivo nas grandes cidades com o sistema político dominado por apenas um homem, a corrupção generalizada e a falta de transparência.

Putin permaneceu como líder dominante da Rússia mesmo depois de se afastar para se tornar primeiro-ministro em 2008, por causa dos limites constitucionais. Manifestantes estão furiosos com a perspectiva de que ele possa ganhar mais dois mandatos e governar o maior país do mundo até 2024.

“Não sei se (o protesto) vai surtir efeito, mas viemos mostrar ao governo que há muitos de nós e que há muitas pessoas juntas”, afirmou Nikolai Chekalin, um cientista de 66 anos. “Eu gostaria de transparência, de um judiciário honesto e de condições para que os negócios se desenvolvam. Putin foi sortudo, o preço do petróleo o ajudou. Sem isso, ele não é nada”, disse, referindo-se ao aumento do preço do produto no mundo, o que alavancou a economia russa nos primeiros mandatos de Putin.

MUDANÇAS

Os organizadores disseram que precisavam de 34 mil pessoas para completar o círculo ao redor do centro histórico de Moscovo, o que inclui o Kremlin, o principal centro de poder da Rússia. Eles estimaram o número de manifestantes em 40 mil. A polícia avaliou em 11 mil.

Os protestos da oposição começaram depois de acusações de fraude em eleições parlamentares vencidas pelo partido de Putin em 4 de dezembro. O Kremlin ofereceu reformas eleitorais parciais, mas não cumpriu as principais exigências dos manifestantes, incluindo uma nova eleição.

Os manifestantes reconhecem que Putin, que é linha dura com a imprensa, deve reconquistar a Presidência, mas querem mostrar o descontentamento na esperança de que possam minar a imagem do político ou forçá-lo e promover reformas políticas.

“Eu acho que é a hora de Putin sair. Mesmo tendo feito bem ao país no seu primeiro mandato, ele não pode ficar no poder para sempre”, disse o pesquisador Andrei Shirokolov, de 46 anos.

Shamsi Asafov, um estudante de 18 anos, afirmou: “As manifestações de hoje têm um importante efeito psicológico. Elas mostram às autoridades que não vamos desistir. É um sinal de que a chama dos protestos não se apagou”.

Cerca de 3.500 manifestantes também protestaram na cidade-natal de Putin, São Petersburgo, no sábado. Eles exigiam a renúncia do candidato. Protestos ocorreram em cidades de todo o país, e dezenas de milhares de pessoas participaram de três grandes atos em Moscovo.

A equipe de Putin organizou comícios para tentar conter os protestos da oposição e passar a imagem de que as manifestações são uma ameaça à estabilidade. Dezenas de milhares de pessoas lotaram um estádio na quinta-feira para ouvir Putin, mas muitos eram funcionários públicos e outros disseram ter recebido dinheiro para ir ao local ou foram obrigados pelos seus patrões.

Uma pesquisa de opinião realizada na semana passada mostrou que Putin, de 59 anos, ganhará a eleição com facilidade no primeiro turno.

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