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Protesto marca um ano de experiência democrática na China

Uma das mais celebradas experiências da China com a democracia mostrou sinais de fraqueza, esta Sexta-feira (21), quando os moradores da aldeia de pescadores de Wukan (sul) fizeram um protesto pequeno, mas inflamado, contra os seus representantes eleitos.

No primeiro aniversário de uma revolta que deu origem à experiência, mais de cem moradores protestaram diante da sede do Partido Comunista em Wukan contra a demora na resolução de conflitos fundiários por parte do comité do governo eleito democraticamente.

“Ainda não tivemos a nossa terra de volta”, gritou Liu Hancai, de 62 anos, funcionário aposentado do partido e um dos muitos moradores que tentam reaver os terrenos que foram confiscados pela administração anterior e vendidos ilegalmente para empreendedores imobiliários.

As autoridades à paisana vigiaram o protesto, e carros de polícia patrulhavam as ruas, para evitar que as manifestações se espalhassem. “Haveria mais gente aqui, mas muita gente tem medo de distúrbios e não saiu”, disse Liu à Reuters.

Há um ano, Wukan tornou-se um símbolo para activistas pró-democracia, depois que o confisco dos terrenos levou sucessivamente à rebelião, à destituição das autoridades partidárias locais e à convocação de uma eleição para a escolha de um comité mais representativo para a aldeia.

A manifestação da Sexta-feira foi bem menos inflamada do que os protestos que fizeram Wukan ser notícia no mundo um ano atrás. Mas o pequeno protesto mostra que o optimismo inicial já acabou para alguns.

Mas Lin Zuluan, ancião que liderou os protestos e hoje comanda a aldeia depois de ser eleito por ampla maioria, salientou que as insatisfações são naturais numa democracia ainda imatura.

Ele disse que o seu governo já tomou medidas concretas, inclusive a devolução de 253 hectares de terras e a implementação de práticas administrativas mais transparentes, como prestações de contas e concorrências públicas.

“Nesse ponto de partida para Wukan haverá definitivamente alguns problemas, mas isso não significa que não haja democracia ou que tenhamos cometido erros graves”, disse.

Lin disse que a burocracia e os complexos contratos fundiários estão a atrapalhar o seu trabalho, e que ainda há cerca de 700 hectares cujo destino está por ser resolvido.

Alguns críticos dizem que o comité da aldeia, que inclui vários jovens líderes do protesto do ano passado, carece de experiência administrativa, não conseguiu envolver a população nas suas decisões e permitiu a interferência de instâncias partidárias superiores.

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