Milhares de estudantes egípcios da Universidade al-Azhar continuam a protestar pelo terceiro dia consecutivo, esta segunda-feira (21), disseram as fontes de segurança, num dos mais corajosos desafios ao Exército desde a queda do presidente islâmico Mohamed Mursi, em Julho.
As manifestações a favor da restituição de Mursi são um assunto delicado para as autoridades porque a reitoria de al-Azhar, uma antiga instituição de ensino dos sunitas muçulmanos, tem historicamente desafiado os limites impostos pelo governo.
Em mais um sinal da dificuldade do Egito para impor a estabilidade desde a derrubada de Mursi, o primeiro-ministro ameaçou, esta segunda-feira, tomar medidas duras contra qualquer um que tentar dividir o Egito, depois de os atiradores terem matado quatro pessoas num ataque a uma igreja no Cairo.
O número de manifestantes nos campus universitários da al-Azhar no Cairo e em outras cidades é menor do que em protestos anteriores contra o governo sustentado pelo Exército. As fontes de segurança disseram que um total de cerca de 4 mil estudantes estão envolvidos nos protestos, dos quais 44 foram detidos.
A agitação sugere que os apoiantes de Mursi podem ter mudado de táctica, concentrando-se em locais sensíveis no lugar de realizar grandes manifestações de rua que com frequência levavam a uma forte repressão por parte das forças de segurança. Alguns clérigos, gestores e professores de al-Azhar são reconhecidamente apoiantes da Irmandade Muçulmana, de Mursi.
As autoridades tem reprimido com força a Irmandade, que venceu todas as eleições desde que uma revolta popular derrubou o autocrata Hosni Mubarak em 2011, mas foi novamente considerada ilegal. As manifestações estudantis surgiram junto com a intensificação do debate em torno de uma nova lei que pode restringir seriamente os protestos.
Os grupos de direitos humanos dizem que a lei pode causar mais confrontos no Egito.