Os promotores egípcios exigiram pena de morte para o ex-presidente Hosni Mubarak e outros réus, incluindo o ex-ministro do Interior, por sua participação no assassinato de manifestantes no levante que o derrubou do poder numa das revoluções da Primavera Árabe.
Muitos egípcios esperam que o julgamento cure algumas das cicatrizes do governo autocrático de Mubarak e ajude o país a encontrar estabilidade depois de quase um ano de agitação política, enquanto o país é governado por generais que o substituíram no poder.
Mas a multidão de testemunhas, a complexidade de acusações e a dificuldade da acusação em obter provas dos serviços de segurança podem facilitar o trabalho dos advogados de defesa de obter uma sentença mais leve para Mubarak e os outros réus.
Na última das três audiências realizadas, esta semana, Mubarak apareceu no tribunal numa cela reservada para ele junto com os seus filhos, o ex-ministro do Interior Habib el-Adly e seis autoridades policiais.
“A promotoria exige a pena máxima para Mubarak e o resto dos acusados, que é a de morte por enforcamento”, disse Mustafa Khater, membro da equipe de promotores, no tribunal.
“O assassinato de uma pessoa pede a pena de morte, então o que diria o tribunal num caso em que centenas foram mortos”. O discurso de Khater foi recebido com aplausos e vivas de alguns advogados, que gritaram: “Morte, morte… Deus é grande”.
Mubarak, que governou por três décadas antes de ser obrigado a renunciar a 11 de Fevereiro, depois de 18 dias de protestos públicos contra o seu regime, é o primeiro líder derrubado na onda de protestos no mundo árabe a enfrentar o julgamento.
O ex-presidente de 83 anos e os outros réus negam a responsabilidade pelas mortes. O promotor-chefe, Mustafa Suleiman, disse ao tribunal que, mesmo se Mubarak não tiver ordenado directamente o assassinato dos manifestantes, ele fracassou na sua responsabilidade constitucional de proteger o povo.
A acusação disse também que os depoimentos de as testemunhas, inclusive de Omar Suleiman, que foi nomeado vice-presidente durante os protestos, indicavam que “os agentes da polícia tinham que se reportar ao presidente do Estado nas decisões que incluíam os manifestantes”.
“E muitas destas testemunhas garantiram à acusação que nenhum policial pode disparar a menos que receba ordens de seu chefe”, disse Suleiman.
Mohamed El Gendi, um advogado de Adly, disse que a acusação não conseguiu fornecer provas conclusivas.
“A promotoria baseou as suas conclusões e narrou contos que não provavam de maneira firme que a pessoa acusada tenha cometido os crimes”, disse.
Além das acusações relacionadas à morte dos manifestantes, Mubarak e os outros réus enfrentam acusações de corrupção, abuso de poder e desperdício de fundos públicos.
O juiz suspendeu o julgamento até 9 e 10 de Janeiro, quando os advogados farão as suas declarações finais.

