O presidente da Vila Municipal da Manhiça, Luis Munguambe, recentemente eleito para dirigir os destinos daquela autarquia, encontrou uma estrutura física, humana e financeira desfalcada, porque o seu antecessor em vez de satisfazer as necessidades dos munícipes, agravou os problemas ao não cumprir as promessas feitas. Oito meses foram suficientes para erguer oito salas de aulas e terraplanar cerca de 13 quilómetros de estradas abandonadas, entre outros feitos.
A Vila Municipal da Manhiça possui uma superfície estimada em 680.000 hectares quadrados, com uma população que ronda os 58.000 habitantes segundo o censo de 2007, e é composta por 12 bairros subdivididos em outros de categoria inferior. Os principais desafios da edilidade são a limitada rede rodoviária, o sistema de abastecimento de água, energia, entre outras áreas básicas cruciais para maximizar o desenvolvimento integrado.
Após oito meses à frente dos destinos da autarquia o @Verdade decidiu medir o pulsar das realizações desenvolvidas e o grau de cumprimento das promessas feitas durante os pleitos eleitorais. Para nossa surpresa encontrámos as zonas recônditas com uma nova imagem, novas vias de acesso, a construção de novas infra-estruturas básicas, que estão atrair mais investimento, sobretudo nas áreas da agricultura, serviços, comércio informal, entre as demais predominantes na região.
Munguambe diz que foram oito meses de reorganização, visto que o seu antecessor deixou a edilidade com uma dívida de dois milhões de meticais, 44 trabalhadores em situação irregular e com problemas gritantes no tocante ao saneamento do meio, abastecimento de água potável, recolha de receitas, energia eléctrica e intransitabilidade das vias de acesso.
“Estamos a cumprir as promessas feitas aos munícipes”
No período em alusão foram investidos 11.604.755.84 milhões de meticais, que permitiram a aquisição de uma motoniveladora destinada à abertura de vias de acesso e salubridade, um camião basculante, uma viatura para facilitar as actividades de urbanização e uma motorizada para o sector da salubridade.
O edil sublinha que as realizações não pararam por aqui, uma vez que foram também terraplanados 12 quilómetros de estrada do troço Alvor-Ncuhlane, foi pavimentada a rua 19 numa extensão de 272 metros, está ser reabilitada a rua Nova de Gaia, incluindo a reposição de tecto de quatro escolas que foram fustigadas pelas calamidades naturais há cinco anos e novos troços serão abertos até ao final do ano, assim como a construção de oito salas de aulas, das quais duas na Escola Primária de Mulembja, três na Manhiça-sede e Muboco.
Alargou-se a capacidade de captação da água potável
No período em alusão o município abriu sete furos de água equipados com bombas manuais em Chibututuine, círculo da Manhiça, Mitilene, Massendzele, Chibucutso, Nhambi e Esperança, que vão reduzir o sofrimento dos munícipes que eram obrigados a percorrer muitos quilómetros para obterem o precioso líquido. Ainda na área do fornecimento da água a autarquia reabilitou três fontes que se encontravam degradadas nas comunidades de Mangavilana, Malongana e Muboco.
A capacidade de captação, estimada em 120.000 metros cúbicos por hora, ainda não é suficiente para satisfazer as necessidades dos munícipes, e para colmatar o défice estão em curso obras de construção de uma torre, com vista a fazer-se depósitos de água no bairro Aeródromo, que terá uma capacidade de armazenamento de 60.000 litros e outra com 20.000 no bairro Novo totalizando 80.000 metros cúbicos, revelou Munguambe.
A rede eléctrica está ser expandida paulatinamente
Um dos grandes problemas que a vila enfrenta está relacionada com a iluminação pública que ainda abrange menos de 50 porcento da população, facto que exige da edilidade o incremento do investimento no sector, a implantação de postos de transformação que possibilitem a iluminação das vias de acesso que estão a ser erguidas, das escolas e unidades sanitárias, entre outros serviços cruciais para o desenvolvimento físico e humano, reconheceu o presidente.
Para o efeito estão em curso acções de melhoramento da capacidade de energia nos postos de transformação eléctrica de Cambeve, Maciana, Mulembja e Ribangua, o que irá criar condições para a implantação de pequenas indústrias de agro-processamento de produtos agrícolas locais, que vai alargar a iluminação da zona de cimento e desta forma contribuir para a realização de outras actividades que vão impulsionar a economia e a renda familiar.
Segundo o entrevistado, para sanar as limitações no fornecimento da energia eléctrica urge a necessidade da flexibilização das acções desenvolvidas pela Electricidade de Moçambique (EDM), de modo a permitir que, a curto e médio prazo, mais de metade da população possa usufruir da energia e a baixo custo, visto que as condições económicas dos munícipes, ainda estão aquém do desejado. Há bairros que ainda vivem às escuras, o que resulta da inexistência da energia eléctrica, casos de Mitilene, Chibucutso, entre outros, devido à insuficiência de fundos e da morosidade no processo de expansão da rede eléctrica.
Município oferece terra aos líderes para impulsionar a produtividade
Munguambe destaca como acções prioritárias para impulsionar a produtividade a melhoria do aproveitamento da terra que continua muito baixo, aliado à prática de uma agricultura precária, por causa da exiguidade de fundos e da fraca capacidade técnica e humana, o que exige a definição de novas estratégias para se tirar maior proveito deste recurso. No entanto, para a materialização da nova estratégia serão envolvidos líderes como implementadores da iniciativa, através da preservação das espécies abundantes na região, diversificação do processo de cultivo, entre outras medidas.
“Entregámos um pomar de cajueiros a um líder, para que este possa preservar, fomentar e revitalizar o processo de produção do caju, importante para alavancar a renda familiar, a receita interna, e desta forma atrair maior investimento do sector privado nacional e internacional”, assegurou Munguambe. No mesmo diapasão, foram desenvolvidas acções de vacinação obrigatória a 2.728 cabeças de gado bovino, com o objectivo de preservar estas espécies de doenças como carbúnculos, brucelose, dermatosenodular e febre aftosa, incluindo 98 gatos e cães contra a raiva.
“Melhorámos a recolha de resíduos sólidos”
Anteriormente, a recolha de resíduos sólidos era feita apenas em quatro bairros e actualmente abrange nove, graças à aquisição de equipamento acima referido, para além do incremento da capacidade humana, que permite responder de forma cabal à quantidade de lixo produzido diariamente, estimada em 60 a 80 toneladas por hectare.
“Apesar dos avanços registados no processo de recolha de lixo, ainda não conseguimos absorver na totalidade os resíduos sólidos produzidos no município, porque o nível de produção tende a aumentar a cada dia que passa, resultante do incremento da actividade informal, e outras áreas afins”, realçou o autarca.
Nível de colecta de receitas superou a meta em 43 porcento
O nosso interlocutor aponta como um dos principais ganhos da edilidade o incremento do nível geral de receitas colectadas em 43 porcento, tendo passado de seis para 8.800.000 milhões de meticais quando comparado com igual período do ano passado, graças à reversão do matadouro para a gerência municipal.
Apesar dos avanços alcançados ainda há muito por fazer, com vista a incrementar as formas de cobranças e o volume de receitas, visto que ainda há muitos munícipes que ainda não pagam o tributo, lesando os cofres da edilidade. Para o efeito foram realizadas campanhas de sensibilização e educação cívica, que envolveu líderes comunitários, entre outros indivíduos influentes e com capacidade de persuasão.
Idosos, pessoas carenciadas e deficientes beneficiaram de apoio
Na área da acção social o município despende mensalmente 16.000 meticais na aquisição de produtos alimentares, com o intuito de suprir as necessidades das pessoas idosas, que não desenvolvem nenhuma actividade de subsistência e nem beneficiam de apoio familiar. Foram também disponibilizadas cadeiras de rodas, muletas e outros meios de compensação às pessoas com deficiência.
Futuros bombeiros em formação
O município da Manhiça quer acabar com a dependência quanto à acções de salvação pública. Com efeito, 18 bombeiros estão a ser formados com o objectivo de reforçar o corpo já existente, implantar uma estrutura capaz de dar resposta aos anseios da população, incluindo a aquisição de uma viatura em 2015 para deixar de depender de terceiros.