As mudanças frequentes do currículo, a superlotação de turmas e os baixos salários dos professores concorrem para a má qualidade de ensino em Moçambique. Estas inquietações foram avançadas, terça-feira, em Maputo, pelos docentes, por ocasião da passagem do Dia do Professor, que este ano se celebra sob lema “livros Abertos, Portas Abertas”.
Falando a margem da cerimónia de deposição de flores no Monumento aos Heróis Moçambicanos, em Maputo, os professores disseram que as mudanças, quase frequentes, do currículo de ensino público complicam o seu trabalho e dos seus alunos, sendo que estes últimos só saem a perder.
“O actual currículo, se comparado com o anterior, implementado alguns anos depois da independência nacional, é ineficaz, ou seja, os seus resultados são de baixa qualidade”, afirmaram.
Para além dos baixos salários, os pedagogos dizem estar a enfrentar, também, muitas dificuldades para operacionalizar o novo currículo e apontam a superlotação das turmas como estando a contribuir para a baixa qualidade de ensino.
Por reconhecer a baixa qualidade de ensino, segundo os docentes, os dirigentes optam por meter os seus filhos em instituições de ensino privadas.
“Nenhum filho dos nossos chefes está no ensino público, lá só está a população. Porque é que os nossos chefes não metem os seus filhos no ensino público se é que o currículo está bem traçado?”, questionaram os professores.
O actual rácio ronda os cerca de 67 alunos por professor e para baixar ao nível julgado razoável, que é de 30 alunos por docente, é necessário duplicar o efectivo professoral existente actualmente no sistema de ensino (cerca de 140 mil professores e vários técnicos).