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procurando @verdade – Alcunhas

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Gosto de alcunhas. Sou até daqueles tipos que gostam que o tratem pela alcunha.
Percebo, porém, que há umas quantas pessoas que não apreciam especialmente as suas.
Aquelas clássicas tipo “vidrinhos”, “orelhas” ou “badocha” e que, tipicamente, são dos tempos da escola primária, têm uma duração normalmente limitada e, na maioria das vezes, só são lembradas quando muitos anos passados encontramos o cidadão e, não conseguindo nós lembrar o seu nome, são-nos rememoradas pelo próprio. Nada de mais.
Há também outras que, ou por razões inocentes ou por serem tão acertadas, têm o condão de substituir o próprio nome.
Estas não são propriamente alcunhas, são nomes mal atribuídos aquando do baptizado, digo eu. Tenho um querido amigo – por acaso residente na cidade de Maputo – que nem o pai o trata pelo nome que lhe deu. Aquilo foi um equívoco, uma falha: o rapaz não tinha cara de João, tinha, sim, a alma de um célebre jogador do Estoril-Praia e com o nome dele ficou (felizmente não herdou o “Tarrafal” que era a alcunha desse jogador).
As piores alcunhas de todas são as mais tardias, de liceu, de início de faculdade ou primeiro emprego. Essas pegam-se que nem sarna. E quanto mais venenosas são, pior.
Imagine o cidadão o meu problema. Sou rapaz de memória limitada e com uma tendência para, repito, gostar de alcunhas.
A idade vai passando, vamos perdendo o contacto com muitas das pessoas com que nos fomos dando e, de repente, a descer a Avenida da Liberdade, encontro o “Baldinho” (diminutivo de balde de uma excrescência humana expelida pelo ânus), muito bem arreado de fatinho da moda acompanhado de um senhor também muito bem-posto. Que lhe digo eu? “Então como tens passado, ó Baldinho?”
E que posso fazer se encontro a minha velha amiga “Macinstosh” (homenageada em função dum acto sexual que muito apreciava e que rimava com o nome do computador) com os seus três filhos e o seu sisudo marido? Hum?
Não é por mal. Tratá-los pelos nomes do Bilhete de Identidade seria como chamar elefante a um gafanhoto.
Prefiro mil vezes fingir que não os vejo do que fazer aquela típica cena ridícula que é dar um abraço meio forçado e lhes perguntar ao ouvido: “Ó Chichi, como é que te chamas agora?”

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