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“Processos” expostos no Kulungwana

“Processos” expostos no Kulungwana

Processos – O Artista Confrontando a Obra é como se chama a exposição de artes plásticas patente na Galeria do Centro Cultural Kulungwana, na Estação dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique, em Maputo, que associa artistas como Berry Bickle, Jorge Dias e David Mbonzo.

A mostra, que está patente desde 25 de Julho, devendo encerrar a 14 de Setembro, aborda os processos de criação entre três artistas, focalizando-se nas peculiaridades dos criadores bem como na forma como cada um, de modo individual, supera as barreiras da produção artística.

Como tal, a exposição é um conjunto de instalações compostas por três obras, sobre as quais Berry Bickle explica que são um guião que gera um entendimento, no apreciador, sobre o que a arte é, bem como  o sentido que há em ser artista nos dias actuais, partindo de uma análise dos processos criativos.

É que enquanto alguns artistas buscam a sua inspiração na dimensão metafísica – ou seja, naquilo que é invisível – a autora de A Vida de B, Berry Bickle, explica que a sua obra expressa um retrato de Beatriz da Divina Comédia, de Dante Alighieri.

Sob a orientação de Beatriz, Berry Bickle demonstra as transformações que se operam em A Vida de B, usando uma base imaginativa.

Numa abordagem quase surreal, em A Vida de B, Bickle baseia-se numa experiência pessoal – em que desvalorizando o corpo humano – descreve a sua memória ligada a um objecto físico, como um vestido, possibilitando, assim, que tal signo narre a história de uma personagem do sexo feminino.

Entretanto, por sua vez, David Mbozo com base numa técnica mista – combinado tinta, madeira, fios de pesca, papéis, entre outros signos – criou a sua obra com o tema Erros e Ajustamentos, sobre a qual explica que a sua produção foi uma experiência que lhe possibilitou explorar a sua capacidade de novas formas.

Mbonzo congratula-se com uma obra sua em que se visualizam mãos a esculpir no espaço formas imagéticas e invoca uma teoria científica de acordo com a qual a maior parte das porções que constituem o corpo humano estão ligadas às mãos que têm a capacidade de gerar resultados maravilhosos – como, por exemplo, construir e curar – mas também monstruosos como destruir.

Jesn Lacri, outro artista plástico, considera que a obra de arte tem como método agir sempre entre o nacional e o sensível, entre a teoria e a prática, por isso, de uma ou de outra forma, David Mbozo opera entre essas fronteiras  disciplinares, sem manifestar preocupações em relação à estética convencional imposta pelos hábitos da realidade artística moçambicana.

Para Lacri, na obra de Mbozo, “a rapidez das pinceladas ou ‘drippings’, das colagens ou pontilhado, que nos relembram a arquitectura clássica dos mestres da Igreja Católica, transpõem a obra deste artista de uma maneira leve que nos confunde com uma inocência trágica”.

Artista que se inspira no seu mundo das artes plásticas e na poesia, Jorge Dias – na mostra colectiva – expõe a obra Encadeamento, usando a técnica de instalação, associa as plasticidades do som na sua dimensão ‘mecânica/física’ e considera que a mostra Processos – O Artista Confrontando a Obra resulta da reinvenção de figuras que constituem o seu espólio de onde extraiu obras antigas combinando-as com criações muito actuais.

Encadeamento – a obra de Jorge Dias – é uma narrativa que expressa os processos criativos desde a recolha de materiais, a captação da realidade que se pretende (re)criar, até à materialização do conceito.

 

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