Os reclusos encarcerados na Cadeia Provincial de Nampula encontram-se mais uma vez em greve em resultados dos maus tratos, falta de alimentação condigna, e doenças diarréicas que estão a afectar grande parte deles. Segundo soube a nossa reportagem no terreno a outra situação que está a preocupar os reclusos é o facto de, desde a última quinta-feira, a direcção da cadeia não permitir a entrada de comida trazida pelos familiares dos presos.
Além dos reclusos, os parentes também promoveram uma greve do lado de fora da cadeia. Para conter com os ânimos dos reclusos e dos familiares, a direcção da Justiça recorreu à Força de Intervenção Rápida (FIR), que se fez ao local com a sua maior força, tendo acalmado ambos os lados.
Os reclusos exigem o fim da violação dos direitos humanos. “Estamos com fome. Não queremos comida com soro, queremos a nossa comida de casa”, são algumas das questões reivindicadas.
Esteve presente no local os directores da Justiça e da cadeia, Tino André Mucuemba, e os guardas prisionais que ali trabalham. Os agentes da lei e ordem dispararam para o ar alguns tiros, tendo dispersado os familiares e amainado os ânimos dos reclusos que se encontravam exaltados.
Entretanto, os familiares entrevistados pela nossa reportagem referiram que estão muito agastados com o comportamentos da direcção da cadeia por não deixar que eles alimentem os seus parentes encarcerados.
João Omar, tio de um dos reclusos, disse que a falta de alimentação e precariedade de higiene é que faz com que os reclusos entrem em greve. “Porque o que queremos é que os nossos parentes encarcerados se alimentem com a comida que sai das nossas casas” disse.
Omar acrescentou que a situação começou no dia em que a polícia invadio a delegação da cidade do partido Renamo e de lá para cá nunca alimentamos os nossos parentes. “Eles misturam questões políticas com prisionais, os nossos parentes querem comer, mas são proibidos pela direcção da cadeia”, desabafou.
Cristina, esposa de um dos reclusos, disse que foi colado um aviso junto da cadeia referindo que a direcção da cadeia interdita receber alimentos dos parentes. “Estamos tristes porque ali dentro das celas há pessoas com problemas de diabetes e outras doenças que não podem comer um alimento com muito sal e sendo assim acabam morrendo”, disse, tendo de seguida questionado as causas da interdição.
