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Primeiro Ministro reconhece ser difícil os agricultores acederem a financiamentos bancários

O Primeiro-Ministro, Alberto Vaquina, reconheceu esta quarta-feira (4) que o sector agrário em Moçambique enfrenta dificuldades para aceder ao financiamento necessário para impulsionar o seu desenvolvimento.

Falando na abertura do terceiro Fórum de Revolução Verde em África, evento que decorre em Maputo até a próxima sexta-feira, Vaquina justificou que tal deve-se aos mecanismos de acesso ao crédito dos bancos comerciais que tornam difícil a sua obtenção por parte de pequenos produtores e das micro e pequenas empresas, que “são a verdadeira força motriz do crescimento do sector”.

“Com investimentos mais expressivos, a contribuição do sector agrário no Produto Interno Bruto (PIB) deverá passar dos actuais 23 por cento tornando-se assim um sector cada vez mais importante no desenvolvimento económico de Moçambique e de África”, afirmou.

Vaquina disse que, reconhecendo a importância da agricultura – que emprega cerca de 80 por cento da força de trabalho no país, o governo está empenhado na criação de “todas as condições necessárias” para a implementação, com sucesso, do Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA) 2011-2020, um instrumento aprovado em 2011.

No seu discurso, o governante reconheceu que agricultura não é apenas um problema em Moçambique, uma vez que praticamente todo o continente continua a enfrentar problemas de pobreza e insegurança alimentar, devido a baixa produtividade agrária, inadequada diversificação de culturas de rendimento e a degradação dos recursos naturais.

10% para Agricultura

Falando na mesma ocasião, a Comissária da União Africana para a Economia Rural e Agricultura, Rhoda Peace, disse que na área da agricultura, segurança alimentar e nutricional, África registou “progressos notáveis” com a implementação do Programa Compreensivo para o Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP).

CAAPD é um programa adoptado na cimeira da União Africana (UA) em Maputo, em 2003, através do qual, entre vários aspectos, os estadistas africanos comprometeram-se a alocar pelo menos 10 por cento dos seus orçamentos para agricultura e assegurar um crescimento anual do sector em seis por cento.

Na sua intervenção, Peace disse que, no âmbito desse programa, os membros da UA estão a alocar, de forma crescente, a agricultura no topo da sua agenda, como cometimento à visão comum e estratégia do CAADP, agora adoptado por 34 países, dos quais 27 desenvolveram planos nacionais de agricultura e de investimentos.

Além disso, inúmeros países estão a alocar recursos adicionais para investimentos críticos para prioridades capazes de trazer melhores resultados.

“Apesar disso, continuamos a enfrentar desafios relacionados com a segurança alimentar, que, entre vários factores, é causada por baixos níveis de produtividade e de investimentos”, disse, apontando, como exemplo, a produtividade média de cereais que em África é estimada em 1.2 toneladas por hectare, contra três toneladas na Ásia e América Latina e 5.5 toneladas na União Europeia.

“Como resultado disso, a dependência de África por alimentos importados aumentou de cerca de 12 por cento em 2000 para cerca de 18 por cento em 2010 para culturas alimentares e de quatro para oito por cento para carne, durante o mesmo período”, disse.

Uma das grandes agendas deste fórum é avaliar o cumprimento do CAADP, 10 anos após a sua adopção, nesta mesma cidade. Por agora, a grande preocupação é o reconhecimento de que, volvida uma decada, dos 54 países africanos, apenas 10 conseguem canalizar 10 ou mais por cento dos seus orçamentos e alcançar um crescimento mínimo anual do sector em seis por cento.

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