O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse, esta Quarta-feira (21), que “lamentava profundamente” as falhas e encobrimentos da verdade no desastre de Hillsborough em 1989, no qual 96 adeptos morreram ao serem esmagados pela multidão dentro de um estádio de futebol.
Cameron fez as declarações depois que um relatório independente apontou que a polícia na época tinha agido para desviar a culpa do pior desastre desportivo da Grã-Bretanha para os adeptos do Liverpool, para encobrir as suas próprias falhas na resposta à tragédia.
As vítimas morreram numa área cercada da arquibancada superlotada do estádio Hillsborough, em Sheffield, norte da Inglaterra, numa tragédia que mudou a cara do futebol inglês e marcou o início de uma nova era de estádios modernos e com todos os espectadores sentados.
Em 1989, a Grã-Bretanha assisitu em choque às imagens angustiantes de adeptos jovens esmagados contra as grades de metal, corpos deitados no campo e espectadores usando painéis publicitários de madeira como macas improvisadas numa tarde quente de primavera.
O relatório, emitido após uma investigação de dois anos sobre as mortes, apontou que a polícia havia tentado culpar os adeptos do Liverpool, retratando-os como agressivos, bêbados e sem ingressos, e tentando encher um estádio já lotado.
“A tragédia nunca deveria ter acontecido”, disseram os autores do relatório num comunicado. “Houve claras falhas operacionais em resposta ao desastre, e depois dele houve tentativas árduas de desviar a culpa para os adeptos.”
As autoridades policiais editaram as declarações de testemunhas de seus oficiais sobre o dia para retratá-los de uma forma menos prejudicial, segundo o relatório. A resposta de emergência deles foi falha e mal organizada.