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Presidente Nyusi pronto para dialogar com Dhlakama

O Presidente Filipe Nyusi manifestou nesta terça-feira(03) a sua disponibilidade para dialogar com Afonso Dhhlakama, líder da Renamo, maior partido de oposição, para preservar a paz no país. “Estou pronto”, declarou Filipe Nyusi, durante a cerimónia do Dia dos Heróis, em Maputo, considerando que “o povo tem de ter a certeza de que vai viver em paz” e que já deu sinais da sua disponibilidade para o diálogo, “agora mesmo”, e que só assim será possível um entendimento.

As palavras de Nyusi, à margem do dia em que se assinalam 46 anos sobre o assassínio de Eduardo Mondlane, fundador e primeiro presidente da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), surgem num momento em que o líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) ameaça criar uma região autónoma no centro do país, não reconhecendo os novos poderes políticos saídos das eleições gerais de 15 de outubro, que considera fraudulentas.

“Queremos aproveitar este momento para apelar para a paz, que nos faz viver e desenvolver Moçambique, a nossa unidade nacional”, afirmou o chefe de Estado, que recuperou uma ideia transmitida na sua tomada de posse, a 15 de janeiro, de que o povo é o seu patrão.

O povo “clama pela paz” e “apela para que haja diálogo”, frisou Nyusi, que tenciona usar “essa grande arma” para que os moçambicanos possam falar. O Presidente da República disse já ter sido “muito claro” quanto à abertura do seu Governo para a inclusão, “não de A, B ou C”, mas de “todos os moçambicanos, na criação e distribuição de riqueza”, lembrando que “o diálogo nunca é precondicionado” mas também não pode ultrapassar a Constituição.

“Acho que viram a minha mão direita sobre a Constituição no dia da tomada de posse e essa é a Constituição que vou respeitar”, declarou o Chefe de Estado, que aproveitou a ocasião para lembrar as vítimas das cheias no centro e norte de Moçambique e as mais de 70 vítimas que morreram em Chitima, província de Tete, de intoxicação após o consumo de uma bebida tradicional.

O presidente do maior partido de oposição percorreu nas últimas semanas as províncias do centro e norte do país, continuando a atrair multidões aos seus comícios, agora centrados na mensagem de uma região autónoma nas províncias onde tenciona governar. “Juro pela alma da minha mãe, eu vou criar o governo do centro e norte”, disse Dhlakama no sábado, durante um comício em Nampula, durante o qual voltou a rejeitar pegar em armas para conseguir os seus objetivos, na condição de não ser provocado.

“Não queremos guerra, mas se os comunistas da Frelimo tentarem provocar, disparar, a resposta da Renamo será dada na cidade de Maputo”, afirmou, repetindo a ameaça já deixada há uma semana, em declarações à Lusa, durante uma visita a Quelimane, província da Zambézia.

A desmilitarização a Renamo continua bloqueada nas rondas de diálogo entre as partes em Maputo, ao mesmo tempo que o próprio Dhlakama desvaloriza esta plataforma de diálogo e aposta em encontros diretos entre os seus enviados à capital moçambicana e representantes do Presidente.

O Governo moçambicano nunca confirmou estas reuniões, deixando apenas a garantia que está disponível para dialogar e nos últimos dias apelou à Renamo que faça as suas reivindicações nas sedes próprias e que os seus deputados levantem o boicote parlamentar e se sentem nos seus lugares na Assembleia da República e assembleias provinciais.

As duas partes estão vinculadas por um acordo de cessação de hostilidades, assinado a 05 de setembro pelo ex-Presidente da República Armando Guebuza e por Dhlakama, encerrando 17 meses de confrontos militares na região centro do país.

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