O Presidente moçambicano admitiu neste domingo(04) a possibilidade de voltar a falar com o partido Renamo, considerando que o seu executivo deve alargar a base de diálogo a outras entidades para ultrapassar a crise política com o maior partido de oposição. “Dos contactos que temos feito, durante o desenvolvimento das últimas duas semanas, temos a esperança de que dentro de pouco tempo voltaremos a falar”, afirmou, sem avançar mais detalhes, Filipe Nyusi, falando em Maputo durante a cerimónia da comemoração do Acordo Geral de Paz.
Quando se assinala o 23.º ano de um acordo(assinado em Roma, encerrando uma década e meia de guerra civil com a Renamo) que pôs fim a um conflito que matou mais de um milhão de pessoas, o país vive sob o espectro de uma nova guerra, com registo de três confrontações militares em três semanas, que levaram o líder da oposição para parte incerta.
Destacando a vontade de “manter um clima de paz” em Moçambique, Filipe Nyusi disse que o seu executivo continua a valorizar o diálogo para ultrapassar a crise que o país enfrenta, enaltecendo a importância do envolvimento de todos os moçambicanos para que se encontre a solução.
“Nós queremos estender esse nosso diálogo a mais moçambicanos, porque entendemos que não é só o Governo e a Renamo que aparecem em frente a destabilizar a tranquilidade dos moçambicanos”, afirmou Nyusi, sublinhando que o país não quer “voltar a reconstruir infraestruturas destruídas pela guerra”, em alusão às consequências da guerra civil.
A violência política aumentou nas últimas semanas e na sexta-feira forças de defesa e segurança e militares da Renamo voltaram a confrontar-se no distrito de Gondola, província de Manica, com as duas partes a responsabilizarem-se mutuamente pelo começo do tiroteio.
Após este último incidente, que forçou a fuga de dezenas de habitantes na região, não houve registo de novos confrontos, apesar da permanência no local de forças da polícia e presumivelmente também de homens armados da Renamo.
Foi no mesmo distrito que, no passado dia 25, Afonso Dhlakama disse ter escapado de uma emboscada das forças de defesa e segurança, que por sua vez acusam os homens da Renamo de ter iniciado o incidente ao abrir fogo sobre uma viatura de transporte semipúblico que ia a passar e alegando que a polícia apenas se dirigiu ao local para repor a ordem.
Destes confrontos, morreram pelo menos sete elementos da Renamo, segundo o partido da oposição, e 23 homens de Dhlakama, de acordo com o Governo moçambicano, além do motorista da viatura civil.
Esse foi o segundo incidente em menos de duas semanas envolvendo a comitiva de Afonso Dhlakama, após, a 12 de Setembro, a sua caravana ter sido atacada também na província de Manica, num caso que permanece por esclarecer.
Moçambique vive sob a ameaça de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo, que quer governar pela força as seis províncias do centro e norte do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de Outubro do ano passado.