O presidente do Malawi, Bingu wa Mutharika, morreu após sofrer um ataque cardíaco esta quinta-feira, disseram fontes oficiais. Segundo as fontes, citadas pela agências Reuters, Mutharika de 78 anos, deu entrada já sem vida no hospital Central Kamuzu, onde foi internado após desmaiar na manhã de quinta-feira.
Um repórter da Reuters em Lilongwe, a capital, testemunhou cenas caóticas no momento em que a primeira-dama Callista Mutharika e vários ministros deixavam o Hospital, onde o presidente foi internado. “Houve pânico”, disse um funcionário do hospital à Reuters. “Nunca estivemos preparados para tal eventualidade. Ele sofreu uma parada cardíaca, e sua condição ainda é instável.”
O Malawi, um dos países mais pobres do mundo, não tem recursos hospitalares adequados, e por isso uma ambulância deixou o hospital levando o presidente para o aeroporto, de onde ele embarcou para a África do Sul.
A vice-presidente Joyce Banda, inimiga política de Mutharika, deverá assumir o cargo em caso mas isso pode colocá-la em rota de colisão com o círculo íntimo de Mutharika, inclusive com seu irmão Peter, ministro do país, que costuma assumir o cargo na ausência do titular.
A polícia mobilizou forças na capital, tendo se posicionado nas proximidades da residência de Joyce Banda. Há indicações de oficiais militares terem assumido posições na casa do presidente, segundo testemunhas.
A doença de Mutharika despertou pouca solidariedade nas ruas de Blantyre, maior cidade do país, onde muita gente o vê como um ditador responsável por falhas económicas que causam escassez de combustível, alimentos e moedas estrangeiras.
Muito contestado
Bingu wa Mutharika chegou a presidência em 2004, e foi reeleito em 2009. Era um economista de formação que trabalhou para várias organizações internacionais dos quais o Banco Mundial (BM).
O seu poder tem sido muito contestado nos últimos meses, devido a degradação da situação económica e política do país e numerosos opositores e investidores estrangeiros criticam a sua governação autoritária.
Uma manifestação, organizada pela sociedade civil em Julho de 2011, foi reprimida pela polícia e foram mortas 19 pessoas.