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Presidente do Egito reposiciona a política externa sem magoar os aliados

Novato em assuntos internacionais, o presidente do Egito, o político islâmico Mohamed Mursi, demonstra até agora habilidade em colocar o país novamente no centro da diplomacia regional, estabelecendo um novo rumo para a política externa sem entrar em choque com os EUA ou com países do golfo Pérsico.

Mesmo a sua viagem ao Irão, a primeira de um líder egípcio desde a Revolução Islâmica iraniana de 1979, foi vista com simpatia por Washington e por governos árabes, uma vez que Mursi aproveitou a ocasião para fazer duras críticas ao regime da Síria, aliado de Teerão.

Uma campanha militar contra activistas islâmicos no Sinai motivou queixas de Israel por causa da presença de blindados perto da sua fronteira, mas também nesse campo Mursi tem se saído bem desde a posse, a 30 de Junho, ao reiterar seu compromisso com o histórico acordo de paz de 1979 entre Israel e Egito.

Em todas essas manobras, Mursi busca um equilíbrio entre mostrar que o país mudou sob o comando de um político egresso da Irmandade Muçulmana, mas sem afastar os aliados tradicionais no Ocidente ou no Golfo, cujo apoio financeiro será crucial para a recuperação da economia egípcia, abalada depois duma prolongada crise política anterior à sua eleição.

“Ele está a buscar um equilíbrio no sentido de dar coisas diferentes a lados diferentes, e tem sido bem impressionante para alguém que não foi testado no cenário mundial”, disse o analista Shadi Hamid, do Brookings Doha Center.

“Ele está a revelar-se uma figura forte, e é dessa forma que está se portando no cenário regional e internacional”, acrescentou Hamid.

Inicialmente visto como um “candidato-estepe” da Irmandade, Mursi, filho de um camponês que conseguiu estudar nos EUA com uma bolsa, acabou por beneficiar-se da desqualificação do candidato principal do grupo. Inicialmente, os influentes militares egípcios tentaram restringir o seu poder, mas ele conseguiu reafirmar-se .

As acções ousadas na política interna reflectem-se também na diplomacia egípcia, especialmente no facto de ele ter participado, a 30 de Agosto, da cúpula do Movimento dos Não-Alinhados (MNA) em Teerão.

As relações diplomáticas entre os dois países haviam sido rompidas depois do acordo Egito-Israel, e não foram plenamente restabelecidas nas três décadas seguintes.

Embora tenha durado apenas três horas, com o propósito ostensivo de transferir a presidência do MNA ao Irão, a visita teria sido inimaginável durante os 30 anos em que o Egito foi governado por Hosni Mubarak, derrubado por uma rebelião popular, ano passado.

A viagem foi observada atentamente pelo Ocidente e pelo Golfo, ambos temerosos das ambições nucleares iranianas, que Teerão garante serem pacíficas.

Sentado ao lado do presidente local, Mahmoud Ahmadinejad, aliado incondicional do governo sírio, Mursi referiu-se ao “regime opressivo” de Bashar al Assad e disse ser um “dever ético” apoiar os rebeldes que tentam derrubá-lo.

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