O presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, foi reeleito para um terceiro mandato de cinco anos ao vencer as eleições realizadas no último dia 21 de Julho com 69,41% dos votos, informou nesta sexta-feira a comissão eleitoral. O seu rival mais próximo, o líder da Frente Nacional de Libertação (FNL), Agathon Rwasa, obteve 18,99% dos votos, enquanto o candidato do Uprona, Gérard Nduwayo, conseguiu 2,14% dos eleitores.
As eleições presidenciais aconteceram em meio a uma grande tensão por causa da onda de violência depois que Nkurunziza anunciou a sua intenção de aspirar à reeleição, contra o que estabelece a Constituição do Burundi, que fixa em dois o limite de mandatos presidenciais.
Os três candidatos da oposição anunciaram alguns dias antes que iam sair da corrida presidencial ao considerar que este processo era uma “farsa”.
Organizações internacionais como a União Africana (UA) e a Comunidade da África Oriental pediram ao Burundi que não realizasse o pleito, por causa da pouca legitimidade que teriam seus resultados e preocupadas também com o clima de violência que o país atravessa.
As revoltas populares que começaram no final de abril para protestar contra os planos de Nkurunziza de se perpetuar no poder já custaram a vida de mais de 80 pessoas, e inclusive houve uma tentativa de golpe de estado em meados de Maio.
Mais de 160 mil pessoas fugiram do Burundi por medo da repressão política e buscaram refúgio em Ruanda, Tanzânia e na República Democrática do Congo, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que o campo de refugiados de Nyarugusu, no oeste da Tanzânia, está “no limite”, já que aos 78 mil burundenses que chegaram nas últimas semanas é preciso somar os 64 mil refugiados congoleses que lá vivem desde 1997.
O partido de Nkurunziza, o Conselho Nacional para a Defesa da Democracia, também venceu com contundência nas eleições legislativas realizadas no dia 29 de Junho, nas quais obteve 77 das 100 cadeiras em disputa.