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Presidente do Brasil sobreviveu a teste na Câmara dos Deputados

Mais de um terço dos 513 parlamentares que compõem a Câmara dos Deputados votaram nesta quarta-feira em Brasília a favor de Michel Temer. Com isso, a investigação por corrupção pedida pelo Ministério Público foi suspensa e o Presidente da República não será investigado pelo Supremo Tribunal Federal nem, por consequência, afastado por seis meses do cargo.

Após esta vitória, os próximos desafios de Temer, com apenas 5% de aprovação e sem sinais firmes de recuperação na economia, passam pela eventualidade de novas denúncias apresentadas pelo Ministério Público, ainda tendo em conta o encontro secreto com o empresário Joesley Batista que motivou a votação de ontem. Além do iminente acordo de delação premiada de Eduardo Cunha, ex-aliado do presidente hoje detido na Operação Lava-Jato, que se prevê possa vir a ter conteúdo explosivo para o governo.

A estratégia do Planalto ao longo do dia foi clara: reunir em plenário o mais cedo possível os 342 deputados necessários para alcançar o quórum, de modo a que a votação decorresse antes dos diretos dos telejornais. Como segundo as sondagens dos principais institutos do país, Ibope e Datafolha, 81% da população preferia ver Temer investigado, os aliados temiam que alguns deputados, constrangidos por estarem a ser vistos por uma audiência de âmbito nacional, mudassem a intenção de voto à última hora.

Nesse sentido, ao início da tarde os aliados do governo votaram em bloco para pôr um ponto final nos debates e iniciar a votação imediatamente.

Do lado da oposição, a táctica foi desconexa: parte dela defendeu, com sucesso relativo, não responder à chamada para o início da sessão para impedir o quórum e ir adiando a votação até ao tal horário nobre da TV Globo e das outras emissoras.

Mas a outra parte, nomeadamente o PT, do ex-presidente e eventual candidato às eleições de 2018 Lula da Silva, sentindo que a continuidade de Temer no poder, com baixa aprovação e agenda impopular de reformas, é-lhe mais útil eleitoralmente derrubar a estratégia.

“Parte da oposição fez o jogo do Temer”, acusou o oposicionista Sílvio Costa, do PTdoB, no púlpito. A candidata pelo também oposicionista PSOL às presidenciais em 2014 Luciana Genro já havia dito que “interessa ao PT que Temer sangre no poder”.

De facto, Rui Costa, governador da Bahia e militante do PT, pareceu dar razão às desconfianças do resto da oposição ao autorizar dois secretários seus, que são deputados federais favoráveis ao governo, a ir a Brasília votar.

Por sua vez, o apoiante do governo Carlos Marun, deputado pelo PMDB, ironizou a atitude de parte da oposição de não comparecer ao plenário para tentar adiar a votação até aos telejornais. “Enquanto esse bando de zombies, esses cadáveres insepultos, esse bando de fantasmas andam ali fora a vaguear em vez de entrar aqui, nós continuaremos governando.”

Marun foi um dos deputados que admitiu que “o governo não teve medo de ser governo”, referindo-se aos cerca de 2,3 mil milhões de reais distribuídos pelo Palácio do Planalto por deputados indecisos para tentar assegurar o seu voto. Essa política “de compra de votos”, como lhe chamou o deputado Sílvio Costa (PTdoB), foi considerada fundamental pela maioria dos observadores para o desfecho final favorável a Temer na noite de ontem.

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