Este ano está prestes a tornar-se o mais quente já registado, ou pelo menos um deles, afirmou a Organização das Nações Unidas (ONU), esta quarta-feira (3), um novo indício do aquecimento de longo prazo que aumenta a urgência das conversas sobre maneiras de frear a mudança climática entre as 190 nações presentes em Lima, capital do Peru.
Incluindo este ano, 14 dos 15 anos mais quentes da história terão acontecido no século 21, afirmou a Organização Meteorológica Mundial da ONU (OMM) a respeito das descobertas apresentadas durante as negociações climáticas entre os dias 1 e 12 de Dezembro na cidade peruana.
“Não há pausa no aquecimento global”, disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, num comunicado. “O que é particularmente incomum e alarmante neste ano são as altas temperaturas de vastas áreas da superfície oceánica.” A OMM declarou que as temperaturas médias da superfície oceânica atingiram recordes de alta em 2014.
Na terra, a entidade listou eventos extremos, como inundações em Bangladesh e na Grã-Bretanha e secas na China e no Estado norte-americano da Califórnia. Os registos de temperaturas globais confiáveis datam de aproximadamente 1850.
Se as temperaturas mantiverem-se acima do normal de modo semelhante pelo resto do ano, “2014 provavelmente será o ano mais quente já registado, à frente de 2010, 2005 e 1998”, informou a OMM, baseada em temperaturas entre Janeiro e Outubro.
Um final de ano mais fresco faria 2014 descer na lista. Christiana Figueres, chefe do Secretariado de Mudança Climática da ONU, chamou o calor de “má notícia” que demonstra a necessidade de agir para limitar as emissões crescentes de gases de efeito estufa. “A urgência na verdade é para se chegar… se possível nesta década, no ponto de virada” para se começar a cortar as emissões, disse ela.
As conversas em Lima almejam obter um acordo para limitar a mudança climática que deve ser firmado em Paris dentro de um ano. A temperatura média global do ar sobre a terra e a superfície do mar entre Janeiro e Outubro ficou 0,57 grau centígrado acima da média de 14 graus entre 1961 e 1990, relatou a OMM.
Os cépticos que duvidam que a mudança climática seja causada, principalmente, pelo homem enfatizam muitas vezes que as temperaturas não subiram muito desde 1998, apesar do aumento nas emissões de gases de efeito estufa. Mas Figueres afirmou que a tendência subjacente das temperaturas é aumentar, década após década.
Os ambientalistas também disseram que os resultados deveriam estimular a acção. Os dados “deveriam arrepiar todos aqueles que dizem que se importam com a mudança climática”, declarou Samantha Smith, que dirige o grupo conservacionista Iniciativa Global de Clima e Energia.
Mas alguns especialistas pedem cautela. “Os defensores deveriam ter cuidado com a ênfase excessiva, porque se você vir um recorde em um ano, provavelmente não verá outro no ano seguinte por conta da variabilidade natural”, afirmou Richard Black, director da Unidade de Inteligência de Energia e Clima, uma consultoria sediada em Londres.