Uma aliança com a Oi foi o caminho encontrado pela Portugal Telecom para ceder à pressão da Telefónica para venda de sua parte na Vivo sem, entretanto, tirar o pé do mercado brasileiro de telecomunicações. A companhia portuguesa vai pagar até 8,44 bilhões de reais para obter uma participação minoritária de 22,4 por cento na Telemar Norte Leste, braço operacional do Grupo Oi, deixando o controle da Vivo –maior operadora celular brasileira que ajudou a criar para a rival espanhola.
Investidores no Brasil, porém, não receberam bem o negócio, já que serão feitos aumentos de capital da Oi, exigindo mais aporte de dinheiro na companhia pelos acionistas se não quiserem ter diluídas suas participações na empresa. Às 12h15 em São Paulo, as ações ordinárias e preferenciais da Oi desabavam 10,5 por cento e 7,42 por cento, respectivamente, a 37,50 e 28,33 reais. As preferenciais da Telemar Norte Leste cediam 5,26 por cento, para 49,74 reais.
O Ibovespa tinha variação negativa de 0,21 por cento. A decisão do ex-monopólio português de telecomunicações de sair da Vivo aconteceu após a Telefónica aumentar pela terceira vez sua oferta pela fatia detida pela Portugal Telecom na operadora móvel brasileira, para 7,5 bilhões de euros.
Com a aliança com o grupo português, a Oi poderá iniciar seu projeto de internacionalização apoiado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que incentivou a formação de uma grande companhia na área de telecomunicações com a aquisição da Brasil Telecom pela Oi, em 2008. “Essa operação permitirá à Oi ampliar sua capacidade de investimento e de expansão nacional e internacional, mantendo o controle da empresa em mãos brasileiras”, afirmou em nota o presidente da Telemar Participações, Pedro Jereissati, acionista do grupo Jereissati, um dos controladores da Oi.
“Trata-se de uma aliança industrial que dará à Oi a capacidade de desenvolver um projeto de telecomunicações de projeção global”, complementou o presidente da holding Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, também integrante do grupo de controle da Oi. O foco da internacionalização será em América Latina e na África, incluindo o Plano Nacional de Banda Larga do Brasil, “uma fonte importante de oportunidades para o crescimento da Oi”, segundo a empresa.
AUMENTOS DE CAPITAL
A aliança da Oi com a Portugal Telecom depende de uma série de operações, incluindo dois aumentos de capital do grupo brasileiro no valor de 12 bilhões de reais cada, um da Tele Norte Leste e outro da Telemar Norte Leste. A Portugal Telecom vai comprar participações minoritárias na AG Telecom, do grupo Andrade Gutierrez; e na La Fonte Telecom, do grupo Jereissati, que venderá fatia de 35 por cento na empresa por cerca de 1 bilhão de reais.
A Portugal Telecom também vai comprar 10 por cento de participação direta na Telemar Participações, controladora da Oi, por 4,24 bilhões de reais. A emissão da Tele Norte Leste Participações será feita ao preço de 38,5462 reais por ação ordinária e de 28,2634 reais por ação preferencial. Já o aumento de capital da Telemar Norte Leste será ao preço de 63,7038 reais por ação ordinária e de 50,7010 por ação preferencial.
Apenas nesses aumentos de capital, a Portugal Telecom subscreverá ações até o valor de 3,7 bilhões de reais. Ao final de todas as etapas, a companhia portuguesa terá 22,4 por cento de participação no grupo Oi, que, por sua vez, vai ter 10 por cento da empresa portuguesa, através de uma operação privada ou de uma oferta pública. A Oi terá direito a participar do Conselho de Administração da Portugal Telecom, enquanto a portuguesa também terá direito a um representante no Conselho da empresa brasileira.