Uma fúria popular resultou na destruição por fogo posto de uma residência e uma viatura de um suposto comprador de uma criança de sexo feminino, que foi encontrada sem vida e com os seus membros extraídos, supostamente para os efeitos supersticiosos. O facto ocorreu Sexta-feira última, na fronteira de Cuchamando (com o vizinho Zimbabwe), no distrito de Changara, na província central de Tete.
Trata-se de Jordão Bacalhani David, de 40 anos de idade, moçambicano e casado, que vive na zona da fronteira de Cuchamano.
David viu os seus bens a serem destruídos, porque é acusado pela população de ter comprado uma criança de nove anos de idade, que posteriormente a assassinou para a extracção de seus órgãos.
A mãe da menor, Chamisso Mabanda, 27 anos de idade e solteira, de nacionalidade zimbabweana, mas residente em Cuchamano, confessa ter vendido a sua criança, mas sem ter ainda recebido dinheiro de 50 mil meticais, porque o comprador prometeu pagar depois de o negócio “sair bem”.
Logo que Chamisso Mabanda fez estas declarações, depois da descoberta da criança no mato, a Polícia da República de Moçambique (PRM) prendeu esta cidadã e, ao mesmo tempo, fez as buscas e captura do então fugitivo comprador, tendo todos sido conduzidos às celas.
A AIM apurou que os populares ficaram furiosos, porque Jordão David era permitido pela PRM ir dormir na sua casa e nas manhãs retornava à sua cela, onde aguarda pela tramitação do seu processo para o julgamento.
A liberdade que David tinha já não era cedida à mãe da menor assassinada, facto que criou fortes suspeitas de ter comprado à Polícia, explicou um dos cidadãos que participou na destruição da casa e viatura do presumível assassino.
“Nós achamos estranho, vermos o cidadão que é indiciado pela mãe de ter morto a sua criança a sair nas noites e a voltar nas manhãs à cadeia. Porque não beneficia esta liberdade à outra detida?”, questionou a fonte.
“Por isso decidimos destruir os seus bens, portanto, a viatura que usa para raptar crianças e a casa onde guarda os órgãos humanos que retira dos corpos”, acrescentou o cidadão em referência, que solicitou a omissão da sua identidade, por temer represália.
O cidadão explicou que Jordão David foi detido pela segunda vez, tendo a primeira nos finais do ano passado, por ter sido suspeito de venda de órgãos humanos a cidadãos malawianos.
“Ele, uma vez mais, era permitido dormir na sua casa e mais tarde foi solto por falta de provas da matéria em que era indiciado. É uma pessoa que está a evoluir economicamente sem fazer nada visível na zona e o que sempre dizíamos foi comprovado quando aquela cidadã o apontou de ter comprado a sua filha menor”, lamentou, estranhando a atitude da mãe da menor.
Contactado telefonicamente, o chefe do posto policial de Cuchamano, Víctor Lino, confirmou o sucedido, mas não quis entrar em detalhes.
“Ainda estamos a trabalhar no assunto, depois vamos comunicar aos jornalistas para dizermos o que e como aconteceu”, alegou.