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Populares agem como a Polícia e matam um suposto ladrão em Nampula

Um dia depois de a Polícia da República de Moçambique (PRM) ter morto a tiro um indivíduo cuja identidade não foi possível apurar, alegadamente por tentativa de roubo de diversos bens numa residência, na madrugada da passada quinta-feira (30), no bairro de Namutequeliua, na cidade de Nampula, populares da mesma comunidade lincharam um jovem, também supostamente por ter sido encontrado a arrombar a porta duma residência com o intuito de roubar.

Trata-se do 11º caso de que se tem registo no presente ano. O crime aconteceu na noite da passada sexta-feira (31). Não foi possível apurar o nome da vítima, nem a idade e tão-pouco a sua proveniência. Os moradores alegam também que o cidadão não estava sozinho e os seus comparsas fugiram quando se aperceberam do perigo.

Na cidade de Nampula está a tornar-se frequente alguns agentes da PRM atirarem a matar, visando cidadãos suspeitos de serem ladrões ou de fazerem parte de quadrilhas de assaltantes.

Em Abril deste ano, um cidadão identificado pelo nome de Tchitcho, de 22 anos de idade, foi baleado mortalmente por um agente da Polícia de Investigação Criminal (PIC), numa manhã de sábado (11), no bairro de Namicopo. Amigos e familiares da vítima revoltaram-se e saíram à rua exigindo justiça. As autoridades chamaram a Polícia anti-motim, que usou gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar os populares que se dirigiram à esquadra local exigindo a cabeça do agente que fez o disparo mortal.

A PRM alegou que a vítima era um cadastrado perigoso e era procurado pelas autoridades devido ao seu envolvimento em vários tipos de crime. O problema continua por esclarecer. Enquanto isso, os moradores, manifestamente inseguros por causa da criminalidade que assola os seus bairros e, também, por não confiarem totalmente na Polícia, não têm poupado esforços para fazer justiça pelas próprias mãos quando neutralizam um suposto larápio.

De acordo com Ali Abudo, uma das pessoas que na passada sexta-feira (31) perpetraram a agressão física fatal contrao presumível bandido, o malogrado foi surpreendido a deitar abaixo a porta de umdomicíliocom recurso a um machado.

“Eram aproximadamente 23h00 quando se ouviram gritos de pedido de socorro [ladrão… ladrão… ladrão…]. Era o proprietário da casa que na altura regressava do trabalho. Na nossa zona somos unidos, decidimos combater a criminalidade e naquela noite saímos em massa para socorrer o nosso vizinho”, relatou Abudo.

Ao contrário do que tem acontecido noutras situações de linchamento, a última vítima, segundo o nosso entrevistado, não passou por nenhum interrogatório nem lhe foi dado tempo para explicar o que pretendia numa habitação alheia, à noite. Os populares concluíram que o objectivo era roubar, pois “ele trazia consigo machado, catana e faca. Aliás, era um grupo, mas quando os seus amigos se aperceberam da situação puseram-se em fuga”.

O cadáver do malogrado foi depois arrastado e abandonado nas proximidades de um riacho que atravessa aquela zona urbana.

Sérgio Mourinho, porta-voz do Comando Provincial da PRM em Nampula,confirmou a ocorrência mas não avançou detalhes alegadamenteporque se estava ainda a investigar o caso.

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