A China tinha mais residentes em áreas urbanas do que rurais no ano passado pela primeira vez na história, segundo dados oficiais. Um marco demográfico que também aponta para tensões na oferta de trabalho na segunda economia mundial.
Um total de 51,27 por cento do 1,347 bilhão de habitantes na porção continental chinesa vivia em cidades no final de 2011, afirmou o Agência Nacional de Estatísticas da China. Globalmente, em torno de 51 por cento dos 7 bilhões de habitantes do planeta vivem em cidades, de acordo com a Organização das Nações Unidas.
Em contraste, 30 por cento dos habitantes da Índia, o segundo país mais populoso do mundo depois da China, vivem em cidades, enquanto 82 por cento dos americanos moram em áreas urbanas. A rápida urbanização na China nas últimas três décadas sustentou o seu desempenho econômico estelar à medida que milhões de pessoas trocavam as residências rurais por povoados e cidades, à procura de melhores salários e empregos.
A população rural da China decaiu 14,5 milhões somente em 2011, o mesmo tamanho do Camboja, de acordo com os dados.
Mas a taxa de urbanização está mais devagar e arrastando a oferta de trabalho, apesar de que a grande mudança das pessoas do interior para as cidades está longe de acabar e ainda deve continuar guiando a economia chinesa nos próximos anos.
O rápido envelhecimento da população eleva as tensões no país. O número de chineses acima de 65 anos é quase o tamanho de toda a população do Japão, de 122,9 milhões.
O chefe da agência de estatísticas, Ma Jiantang, disse que a queda na oferta de trabalho é essencial para sustentar o alvo de 7 por cento de crescimento econômico do governo chinês, entre 2011 e 2015. Analistas concordam que a oferta de trabalho no país está minguando, mas há debates sobre se a China está próxima ou cruzando o ponto de virada Lewis – uma teoria de que salários em nações em desenvolvimento começam a crescer uma vez que haja escassez no trabalho rural.
Os salários médios chineses já estão a subir, embora partindo de baixos níveis. A renda disponível urbana per capita cresceu 14 por cento para 21,810 iuanes (3,500 dólares) em 2011 em relação ao ano anterior, enquanto a renda rural per capita era de 6,977 iuanes.
Analistas dizem que a média salarial minimiza a disparidade de renda ente os chineses, mas que é difícil identificar essa diferença, uma vez que a China não publica um coeficiente Gini nacional – medida amplamente utilizada para a divisão de riquezas.
O índice Gini para a China rural ficou em 0,4 no final de 2011, sugerindo uma distribuição de renda intermediária, com 1 sendo a mais desigual e 0 indicando igualdade na distribuição de riquezas. A economia chinesa cresceu 9,2 por cento ano passado, decrescendo em relação aos 10,4 por cento de expansão, em 2010.