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População prisional aumenta para 18.185 em Moçambique, 63,7 por cento são jovens

Finalmente introduzidas penas não privativas de liberdade em Moçambique

Foto de Naíta UsseneO Sistema Penitenciário em Moçambique está cada vez mais insustentável, a Procuradora-Geral da República (PGR) revelou na Assembleia da República que existem 18.185 presos para uma capacidade de 8.188 detidos nos estabelecimentos prisionais. Também alarmante é que 63,7 por cento dessa população prisional são jovens com menos de 35 anos de idade, sintomático da pobreza e desemprego que não pára de aumentar desmentindo as estatísticas de emprego e desenvolvimento sempre positivas do Governo do partido Frelimo.

“Até 31 de Dezembro de 2017, o efectivo era de 18.185 internos, contra 18.182 do período anterior. Este facto demonstra uma certa tendência de manutenção dos níveis de superlotação, em 222,1 por cento, dado que a capacidade de internamento global é de 8.188 internos”, começou por revelar Beatriz Buchili no capítulo da sua Informação Anual sobre as inspecções realizadas durante o último ano aos Estabelecimentos Penitenciários.

De acordo com a PGR a causa da superlotação nas cadeias moçambicanas é “o uso excessivo de medidas de coacção privativas de liberdade, e afraca aplicação de medidas e penas alternativas à prisão”.

A Informação Anual da Procuradora-Geral da República indica que no universo de detidos 5.752 estão em prisão preventiva, sendo que 1.534 em situação ilegal pois ultrapassaram o prazo de cumprimento dessa medida de coacção.

A cidade e província de Maputo tem a maior população prisional, 4.525 internos, seguida pela província de Nampula, 3.386 internos, e pela província de Manica, 2.334 internos.

Embora a PGR tenha referido na Assembleia da República que foram promovidos julgamentos em campanha, para o descongestionamento das cadeias e redução dos arguidos em prisão preventiva, e os magistrados do Ministério Público tenham sido orientados para o cumprimento rigoroso da lei Beatriz Buchili admitiu que a “superlotação no Sistema Penitenciário está a atingir níveis insustentáveis, tornando difícil a respectiva gestão, segurança, reabilitação e ressocialização dos internos”.

“Exposição de jovens a factores de risco aumenta a possibilidade de envolvimento com a criminalidade”

A guardião da legalidade, que na sua Informação de 2017 havia apelado “aos jovens para pugnarem pelo respeito dos valores morais e de cidadania, enveredando sempre pelo trabalho honesto para a materialização dos seus anseios”, precisou nesta quarta-feira (25) que no universo da população prisional 28,7 por cento têm idade entres 22 e 25 anos e 35 por cento estão na faixa etária dos 26 a 25 anos.

Foto de Naíta Ussene

“A exposição de jovens a factores de risco aumenta a possibilidade de envolvimento com a criminalidade, a violência ou em situações de perigo” apontou a PGR sem ter coragem de indicar que o cada vez maior número de jovens envolvidos no crime deve-se a pobreza e desemprego que continuam a aumentar apesar dos discursos e estatísticas governamentais tentarem mostrar o contrário.

Num país onde cerca de metade da população tem menos de 35 anos de idade e onde faltam políticas pública que assegurem o seu acesso a educação adequada e posterior absorção no mercado de trabalho, e dentre aqueles que conseguem emprego parte significativa ganha salário mínimo, é quase natural que os jovens se transformem em delinquentes.

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