Farelo, mangas e tubérculos estão a servir de alternativas à escassez de alimentos no posto administrativo de Chidzolomondo, região do distrito de Macanga com 34 630 habitantes, província de Tete.
Segundo o jornal Diário de Moçambique, Chidzolomondo enfrenta a crise alimentar em consequência das fracas colheitas da campanha agrícola finda.
João Junta é trabalhador duma moageira a escassos metros da escola Secundária de Chidzolomondo. Disse que nos últimos tempos as pessoas vão moer o farelo misturado com um pouco de milho como forma de aumentar a quantidade da farinha para matar a fome.
“Eu estou também a passar fome e estou a sentir por aquelas mulheres que trazem o farelo para moer. As mangas também estão a servir de alternativa” — relatou Junta, antevendo que os próximos tempos serão mais complicados para os habitantes, dado o facto de a chuva ter demorado a cair.
Zimbengue Mindion é outro cidadão entrevistado pela nossa Reportagem. Igualmente se queixou da fome e referiu que o pior ainda está por vir, porque as mangas estão a acabar e o farelo tem sido disputado por muitos. O cidadão Mavute Linguissone considerou que as mangas estão ajudar muito as pessoas.
“Quando acabarem vamos sofrer muito aqui no distrito” — observou o nosso entrevistado, para quem a fome poderá atingir mais regiões, porque os elefantes estão a agravar a situação de escassez de alimentos, destruindo celeiros. A cidadã Lavonessi Stonad confirmou que as mulheres já carregam consigo farelo para moer na por falta de milho e outros cereais tais como a mapira.
“Esta fome está apertar-nos muito e não sabemos como e que faremos daqui para diante” — afirmou.
Domingas Basílio queixou-se igualmente da fome.Disse não saber como é que vai alimentar os seus filhos. Explicou que foi a escassez de chuvas, resultando daí a fraca produção agrícola.
Os interlocutores pedem, no entanto, sementes para poder lançá-las à terra, já que as chuvas começaram a cair na região de Chidzolomondo, depois de terem comido o que tinham guardado por falta de alimentos. Abordamos o chefe do posto administrativo de Chidzolomondo, Armando Martinho Malua.
Este confirmou que a seca e os elefantes são a causa principal da fome. Os camponeses não aproveitaram quase nada da campanha passada, pois as chuvas não caíram com regularidade e, como se isso não bastasse, os elefantes destruiram as culturas,tanto nas machambas como nos celeiros, relatou.
Segundo ele,o farelo, as mangas e tubérculos estão a ajudar sobremaneira aos habitantes de Chidzolomondo, justificando que, se não fosse isso, a situação seria mais grave.
Acrescentou que os camponeses ficaram todo o mês de Dezembro, até quase meados de Janeiro, sem ver a chuva, facto que pode comprometer a campanha agrícola deste ano.
Água e energia
Outro problema enfrentado pela população daquela região é a escassez de água potável, sendo que alternativa é o rio Chiritse, mesmo reconhecendo que traz consigo consequências negativas à saúde humana, pois as pessoas podem contrair diarreias e cólera.
O mesmo é disputado por animais selvagens, daí o perigo de as pessoas consumirem a àgua, conforme anotou o líder do terceiro escalão, que se identificou por Daniel Jossias,entrevistado pelo “Diário de Moçambique” Cândido Airosse, outro líder do terceiro escalão,disse que “quando a água da Escola Secundária fecha, ficamos sem água, por isso temos problemas sérios”.
Aqueles cidadãos disseram que a energia eléctrica faz muita falta naquele posto administrativo, pois tendo em conta que o número de habitantes tende sempre a subir anualmente. Sobre a corrente eléctrica que os habitantes solicitam, o nosso entrevistado disse que de facto a sede do Posto administrativo não possui candieiros de iluminação pública.
Porém, a fonte garantiu que, num futuro breve, as pessoas desfrutarão da energia no posto administrativo de Chidzolomondo, através de cabo, para a sede do distrito de Macanga e outras regiões.
“Só passam os cabos por cima das pessoas para a sede do distrito de Macanga.Só vemos os fios por cima das nossas cabeças, mas sem iluminação aqui”, lamentou Airosse.
A falta de água potável foi confirmada pelo chefe do posto administrativo de Chidzolomondo, explicando que existem 75 bombas, 15 das quais se encontram inoperacionais devido a uma avaria grossa.
Malua disse que a avaria das 15 bombas de água é grossa, de tal modo que a reparação já não resolve o problema. As restantes revelam-se insuficientes.