A população do distrito de Chemba, na província central de Sofala, insurgiu-se no último sábado contra o respectivo Administrador, a quem acusa de extorsão e de suborno na atribuição do Fundo de Desenvolvimento do Distrito (FDD), vulgo “Sete milhões de meticais”.
A denúncia ocorreu durante um comício popular orientado pelo Presidente da Republica (PR), Armando Guebuza, no Posto Administrativo de Chiramba, no distrito de Chemba, no quadro da Presidência Aberta e Inclusiva que está a realizar a esta província desde a última Sextafeira.
Chano José Djone, residente de Chemba, foi a tribuna explicar ao Presidente, na presença de vários membros do Governo, alguns do corpo diplomático acreditado em Moçambique, que, naquele distrito, para se beneficiarem dos “Sete Milhões”, os mutuários devem aceitar repartir parte do valor requerido com o administrador, António Januário.
“Senhor Presidente, aqui em Chemba enfrentamos muitas dificuldades na obtenção dos Sete milhões, porque quando solicitamos um certo valor deste fundo, o Administrador nos obriga a repartir com ele parte deste valor. Pedimos o regresso do anterior Administrador (Jorge Daul) pessoa que fez muito para o desenvolvimento do distrito”, disse José Djone.
Um outro cidadão que se identificou pelo nome de Carlitos Escova acrescentou que em Chemba este mesmo fundo só é atribuído as mesmas pessoas, prejudicando os demais que mesmo com vários pedidos feitos nunca foram contemplados. Ademais, segundo a fonte, o Administrador só aceita atribuir este fundo a quem “este for com a sua cara ou mesmo em troca de bens, incluindo cabritos”.
O fundo foi instituído, em 2006, no primeiro mandato do Presidente Guebuza, para incentivar a produção alimentar e geração de renda, incluindo postos de trabalho. Desde então, cada um dos 128 distritos beneficia anualmente deste fundo que até aqui tem registado baixos níveis de reembolso. Este dinheiro é atribuído, a título de empréstimo, para beneficiar a mais gente pobre que não tem como obter financiamento na banca comercial.
Para além da falta de transparência na atribuição o fundo, os residentes de Chemba queixaram-se ainda de graves anomalias na gestão dos recursos humanos no sector da Educação. Xavier Macutere, docente de profissão, acusou o Director distrital de Educação de Chemba de descontar injustamente os salários dos docentes e, segundo ele, são descontados dois dias de salário no mês de Fevereiro, alegadamente por este mês não ter 30 dias. Fora disso, o docente queixou-se de outros descontos que, mais tarde, a AIM apurou serem canalizados aos professores que viajam em missão de serviço.
O mais agravante, segundo Macutere, é que quem reclama é perseguido e até mesmo expulso. Pelo menos cinco professores já foram vítimas dessa perseguição e outros, segundo o denunciante, terão a mesma sorte. “Desde 2006 que há falta de um bom ambiente de serviço na educação devido aos descontos injustos que temos vindo a sofrer e que quem reclama é perseguido.
Já foram expulsos cinco professores sem justa causa e nem direito de defesa”, indicou o professor Macutere. Numa pronta reacção a estas queixas, o Presidente Armando Guebuza manifestou a sua satisfação pelo facto de a população ter exercido o seu direito de se expressar sobre os problemas que afectam esta parcela do país, contribuindo assim para a solução dos mesmos em benefício do desenvolvimento.
“Foram muito profundos o que vai exigir que também aprofundemos estas mesmas questões para as responde-las”, afirmou o Presidente Armando Guebuza. O Presidente sublinhou, em jeito de resumo e para deixar claro às populações que tudo o que foi dito foi registado e merecerá a devida atenção, desde as extorsões, o suborno na atribuição do fundo dos “Sete Milhões”, a grave situação na educação relacionada com os descontos, entre outras situações.
No domingo, Guebuza trabalhou no Posto Administrativo de Tica, no distrito de Nhamatanda, para segunda-feira, último dia de visita a Sofala, trabalhar no Posto Administrativo de Goonda, em Chibabava, antes de rumar, terça-feira, a província de Inhambane, já na parte Sul de Moçambique.