A população do distrito de Gorongosa, concretamente da vila-sede e do povoado de Cudzo, este último ponto localizado a cerca de trinta quilómetros da vila, apelaram, no último fim-de-semana, a retirada do líder da Renamo e seus seguidores das matas de Gorongosa.
O apelo para a retirada de Afonso Dhlakama e seus seguidores das matas de Gorongosa foi feito durante dois comícios orientados pelo Primeiro Secretário do Comité Provincial da Frelimo em Sofala, Henriques Bongesse, um na vila-sede do distrito e o outro no povoado de Cudzo.
A população daquelas regiões da província de Sofala, centro de Moçambique, manifestou sentimento de medo devido a presença do líder da Renamo e seus seguidores nas matas da Gorongosa.
Refira-se que Dhlakama encontra-se a residir nas matas da Gorongosa desde o passado dia 15 de Ou- tubro, já lá vão cerca de três semanas e a população local alega estar a viver aterrorizada.
O líder da Renamo chegou a Gorongosa com pretexto de participar de uma cerimónia de homenagem ao primeiro líder fundador da Renamo, André Matade Matsangaisse, abatido em combate pelas forças governamentais a 17 de Outubro de 1979.
Devido a ameaça que sentem de retorno a guerra face a presença de Afonso Dhlakama na zona onde a Renamo havia aberto a primeira base geral, algumas famílias camponesas locais afirmaram que estão com receio de continuar a permanecer nas suas zonas, bem como continuar a exercer normalmente as suas actividades agricólas.
Segundo afirmaram no comício com o Primeiro Secretário da Frelimo em Sofala, a prevalecer por muito tempo o cenário actual naquela região as famílias que vivem aterrorizadas poderão vir a abandonar a zona e procurar refúgio em áreas distantes alegadamente livres de ameaça de guerra por parte da Renamo.
Por seu turno, Henriques Bongesse tranquilizou a população aterrorizada, defendendo que não há razões para se viver com medo. Explicou que não há nenhuma possibilidade de retorno a guerra em Moçambique.
“Os discursos belicistas que têm sido promovidos pela Renamo e o seu líder visam unicamente acomodar os seus interresses”.
Henriques Bongesse enfatizou, afirmando que tais interesses são obscuros. Bongesse voltou a criticar o comportamento de Afonso Dhlakama e dos membros do seu partido, considerando que trata-se de um esforço em vão que procura contrariar as iniciativas do governo de criação de melhores condições de vida dos moçambicanos.
“O que a Renamo está a procura é ver os moçambicanos voltarem a viver no sofrimento, como aconteceu no período em que andaram a destruir o país. Querem voltar a impedir os moçambicanos de prosseguir a sua luta para vencer a pobreza”.
Refira-se que após o pronunciamento do líder da Renamo ameaçando quebrar a paz em Moçambique, começaram a circular panfletos nos distritos de Gorongosa, Nhamatanda, Chibabava e Dondo, todos da província de Sofala, mobilizando a população para desencadear-se uma manifestação nacional com objectivo de paralisar as actividades de desenvolvimento do país.
Contactado o delegado político provincial da Renamo em Sofala, Manuel Lole, esse distanciou-se da origem dos panfletos, tendo alegado que é muito provável que seja uma invençao do partido no poder para descredibilizar a Renamo.
