A polícia anti-choque da Turquia voltou a usar gás lacrimogéneo e canhões de água, na noite desta Terça-feira (11), na tentativa de tomar o controle da Praça Taksim em Istambul, onde os manifestantes desafiam o primeiro-ministro Tayyip Erdogan, que exige que eles deixem o local e encerrem 10 dias de protestos.
A Polícia lançou gás lacrimogéneo contra uma multidão de milhares de pessoas com roupas de trabalho e jovens com máscaras, que haviam combatido durante todo o dia, dispersando brevemente o grupo nas ruas laterais e hotéis das proximidades.
Os manifestantes, que acusam Erdogan de extrapolar os seus poderes depois de 10 anos no comando e três vitórias eleitorais, haviam confrontado a polícia durante o dia, batendo tambores e exigindo a renúncia do primeiro-ministro do país, Tayyip Erdogan.
Eles lançaram pedras contra os veículos que disparavam água e ambulâncias foram posteriormente vistas a entrar e sair da praça. Erdogan pediu que os manifestantes deixassem a praça.
Numa indicação do impacto dos protestos sobre a confiança dos investidores, o banco central da Turquia disse que irá intervir, se for necessário, para dar suporte à moeda local, a lira turca. Erdogan, que nega as acusações de comportamento autoritário, declarou que não irá ceder.
“Eles dizem que o primeiro-ministro é duro. Então, o que ia acontecer aqui? Íamos nos ajoelhar à frente delas (pessoas)?”, disse Erdogan enquanto a acção para esvaziar a praça começava.
“Se vocês chamam isso de severidade, desculpem-me, mas esse Tayyip Erdogan não vai mudar”, disse ele numa reunião de parlamentares do seu partido AK.
Os aliados ocidentais têm expressado preocupação com os problemas no país, um importante aliado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) que faz fronteira com Síria, Irão e Iraque.
Os Estados Unidos têm a Turquia de Erdogan como um exemplo de uma democracia islâmica que poderia ser imitada noutras partes do Oriente Médio. A polícia, apoiada por veículos blindados, mobilizou-se inesperadamente logo de manhã na praça Taksim, local de um protesto inicial contra os planos do governo de revitalizar o parque Gezi, que fica ao lado da praça.
A repressão policial estimulou manifestações em todo o país. Vencedor em três eleições consecutivas, Erdogan disse que os protestos são planeados por vândalos, elementos terroristas e forças estrangeiras não identificadas.
Os seus críticos, que dizem que os elementos religiosos conservadores ganharam espaço sobre centristas no seu partido AK, acusam-no de inflamar a crise com um discurso inflexível. “Um ataque abrangente contra a Turquia tem sido realizado”, disse Erdogan.
“O aumento das taxas de juros, a queda nos mercados de acções, a deterioração do ambiente de investimento, a intimidação dos investidores – os esforços para distorcer a imagem da Turquia têm sido postos em prática como um projecto sistemático”, disse ele.
A agitação afectou a confiança do investidor num país que tem crescido sob a gestão de Erdogan. A lira, que já sofre com a turbulência generalizada do mercado, caiu para o seu nível mais baixo contra uma cesta de moedas desde Outubro de 2011.
A acção da polícia ocorreu um dia depois de Erdogan concordar em reunir-se com os líderes do protesto envolvidos nas manifestações iniciais sobre a revitalização do parque Gezi.