Três indivíduos armados tentaram criar pânico na pacata região de Honde, distrito de Báruè, em Manica, sábado findo. Os mesmos ameaçaram a população com arma de fogo de tipo “AKM”. O acto ocorreu momentos após estes terem assaltado a residência do casal empresário, Bento Patissone e Alice Maquenze Beaut, mortos a tiros à queima-roupa, por um dos elementos do grupo. O trio já se encontra detido.
A primeira detenção ocorreu, última Terça-feira, na Cadeia Distrital de Báruè, em Catandica. Testemunhas, citadas pelo jornal Diário de Moçambique, avançam que, depois do assalto em referência, os malfeitores, quando em fuga, ameaçavam de morte a qualquer pessoa que se fizesse à rua ou em locais de maior concentração pública.
O facto deu-se pelas 20 horas, momento em que os populares divertiam-se nas barracas daquele posto administrativo, que fica a dez quilómetros do município de Catandica, sede distrital de Bárué.
Emídia Sério Languice disse que as pessoas que fossem encontradas nas ruas eram apontadas com o cano duma arma de fogo e obrigadas a recolher para casa, numa autêntica situação de recolher obrigatório, mesmo que a noite “não fosse ainda madura”.
Esta foi secundada por António Neva, tio das vítimas mortais, o qual, antes foi solicitado a prestar socorro aos seus sobrinhos, que estavam a enfrentar a situação de assalto à sua residência, um acto que culminou com morte do casal.
“Houve vários disparos. Eu chamei outras pessoas para se aproximarem ao local em socorro, mas ninguém conseguiu”, afirmou a fonte, acrescentando que muitos residentes fugiram em debandada.
Aliás, Emídia Languice referiu que, dada a situação, não foi possível identificar, com clareza, os protagonistas destas acções, vendo-se apenas um homem armado a disparar por várias vezes, o qual estava acompanhado por três outros.
Dois dos malfeitores introduziram-se na residência do casal, proprietário dum estabelecimento de venda de fardos de roupa usada, matando-o. Rosa Maquenze, irmã mais nova de Alice Maquenze, ao mesmo tempo segunda esposa de Patissone, indicou que os assaltantes exigiam dinheiro e, dada a resistência, o casal acabou por ser morto.
Referiu que os meliantes cobriram-lhe com um lençol de modo que ela não os identificasse. “A exigência era feita com o meu corpo todo coberto, mais tarde eu vi a minha irmã morta e com muito sangue a escorrer”, palavra de Rosa Maquenze, viúva sobrevivente de Bento Patissone.
Entretanto, numa operação desencadeada pela Polícia da República de Moçambique (PRM), em colaboração com a população local, foi possível a neutralização de Ernesto Malua e Joaquim Nguiraze, ambos naturais e residentes de Honde.
Quinta-feira, a Polícia confirmou a detenção do terceiro elemento, tido como sendo o cabecilha do grupo, identificado apenas por Zelulane, o qual terá sido autor do homicídio.
Dados da Polícia apontam Zelulane como tendo se deslocado do distrito de Tambara, com a arma em referência, passada Sexta-feira, para praticar o crime em Honde, na companhia de Ernesto Malua e de Joaquim Nguiraze, estes dois que, na qualidade de naturais, tinham conhecimento de quem estiva economicamente estável.
Os indiciados refutam as acusações, mas a Polícia, através do seu porta-voz, Belmiro Mutadiua, considera haverem indícios suficientes para acusá-los de prática de homicídio voluntário qualificado.
A arma usada ainda não foi encontrada, embora tenha sido detido o seu portador. A proveniência também ainda está em investigação.
Mas há informações de que a mesma tenha sido alugada aos bandidos pelo posto policial de Búzua, distrito de Tambara, para caça de animais selvagens.