Os simpatizantes de um grupo islâmico radical entraram em confronto com a polícia em duas cidades da Tunísia, este Domingo (19), depois que o governo proibiu o comício anual do grupo e que o braço regional da al Qaeda defendeu uma posição firme contra as autoridades.
A violência ocorreu na cidade central de Kairouan, lugar do planeado comício, e num distrito de Túnis, onde, segundo testemunha da Reuters, houve feridos. O grupo Ansar al-Sharia é o mais radical a surgir na Tunísia desde que ditador Zine al-Abidine Ben Ali foi derrubado em 2011.
O grupo representa um teste para a autoridade do actual governo islâmico moderado. Em Kairouan, onde esperava-se dezenas de milhares de pessoas na manifestação do Ansar al-Sharia, este Domingo, os simpatizantes do grupo atiraram pedras contra a polícia, que respondeu com bombas de gás.
A polícia também não permitiu que o grupo, que abertamente dá apoio à al Qaeda, fizesse reuniões religiosas no distrito de Ettadamen, na capital Túnis. A proibição resultou em conflito. Os manifestantes cantavam: “O regime do tirano deve cair”.
A polícia usou gás e disparou para cima para dispersar os cerca de 500 manifestantes, que lançaram pedras e incendiaram carros.
Alguns deles substituíram uma bandeira do país ali içada pelo símbolo da al Qaeda. O autocarro e o comboio pararam de funcionar, e as lojas fecharam. Os conflitos espalharam-se por duas outras áreas da capital.
A Tunísia foi o primeiro país a viver a “Primavera Árabe”. O novo governo do país é liderado pelo partido islâmico moderado, mas os radicais querem um papel maior para a religião. A elite secular do país teme que isso mine as liberdades individuais e a democracia.