A organização Human Rights Watch (HRW) acusou, esta terça-feira (18), a polícia da República Democrática do Congo de executar sumariamente pelo menos 51 pessoas numa operação de repressão a quadrilhas e de ser responsável pelo desaparecimento de pelo menos outros 33 indivíduos.
O relatório, baseado em relatos de testemunhas, é o segundo documento de grande visibilidade sobre a Operação Likofi – ou ‘soco’, no idioma lingala -, lançada há um ano para lidar com quadrilhas criminosas na capital Kinshasa.
A HRW, sediada nos Estados Unidos, acusou os policiais envolvidos na Operação Likofi de executar jovens desarmados a frente dos familiares em casa e nos mercados, numa tentativa de intimidar a população local.
A mãe de um dos homens assassinados pela polícia contou que um dos policiais disse a quem observava: “Venham ver. Matamos um ‘kuluna’ (membro da quadrilha) que vos fazia sofrerem.”
A HRW disse ser provável que mais execuções tenham ocorrido, além das 51 que conseguiu documentar. Um policial integrante da operação disse à HRW que bem mais de 100 pessoas foram mortas.
O ministro do Interior, Richard Muyej, disse à Reuters que os casos de desvios de conduta estavam sob investigação. “Os casos de má conduta foram encaminhados ao sistema judiciário. Para nós, a transparência é importante… Diante das cortes existem casos de policiais envolvidos nessa operação. Somos transparentes acerca disso tudo”, disse Muyej.
No entanto, a HRW disse que nenhum dos policiais presos ou processados desde que a operação teve início foram ligados aos assassinatos e desaparecimentos da operação em si.