Na manhã desta quarta-feira 11, a Polícia da República de Moçambique (PRM) e a Força de Intervenção Rápida (FIR), detiveram algures no Centro de Manutenção Física António Repinga, nas barbas do Gabinete do Primeiro-ministro, na baixa da cidade de Maputo, o porta-voz do Fórum dos Desmobilizados de Guerra, Jossias Matsena. Tendo posteriormente impedido o decurso da manifestação daqueles que reivindicam desde o ano passado, o pagamento de uma pensão de 12.500 meticais por cada desmobilizado de guerra, naparama, miliciano e viúvas destes e o seu enquadramento nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
Os desmobilizados de guerra que definiram aquele local próximo da sede do Governo como a sua base, decidiram fazer manifestações, ainda que a revelia do presidente do Fórum, Hermínio dos Santos, o qual disse não ter aderido as manifestações por ser ilegais, não autorizadas e constituírem uma agitação de um punhado de pessoas (desmobilizados) que só querem manchar a colectividade e deixar a impressão de que se trata de um fórum composto por pessoas ignorantes e ávidas de criar focos de violência.
Hermínio dos Santos disse que na passada sexta-feira no período da noite, deslocou-se ao Ministério do Interior para informar que o seu fórum queria fazer manifestações. No encontro mantido com o vice-ministro do interior, José Mandra, houve um consenso. Ou seja, Mandra disse que as manifestações não teriam efeito, pois o governo está de ferias, só volta em Fevereiro, tempo que os desmobilizados podem proceder com a suas intenções, a par disso, o presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra, segundo nos conta, concordou com a justificação do vice-ministro do Interior, suspendendo assim as manifestações.
Acordo da discórdia
Entretanto, quando Hermínio dos Santos foi informar aos membros do seu fórum da alegada suspensão das manifestações, alguns desmobilizados não concordaram com isso, suspeitando-o de ser um camaleão, pois quando está com os seus companheiros aparenta ser a seu favor e quando está com o governo parece estar contra os desmobilizados.
Estas acusações foram proferidas por Jossias Matsena, numa entrevista que manteve com o nosso jornal, horas após a sua soltura do Comando da Polícia da República de Moçambique da Cidade de Maputo. Matsena vai mais longe ao afirmar que Hermínio dos Santos, presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra, está a ter um comportamento pouco estranho e duvidoso, “como é que se justifica que ele tenha encontros formais com o vice-ministro do Interior à noite, aqui algo não está bem”, comenta para depois ajuntar que brevemente vai convocar uma reunião de emergência para pedir que dos Santos se explique melhor relativamente ao seu suposto comportamento estranho e desabonatório à colectividade.
Dos Santos contra-ataca
O presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique, começa por dizer que se absteve da manifestação por ela ser ilegal ou não autorizada, pois o governo está em gozo de férias, e não teriam aquém expor as suas reivindicações. Daí que só podem entrar em acção Fevereiro próximo, já na presença da máquina governativa deste país. “O Jossias é um agitador e promotor da violência, para falar a verdade ele nunca fez e não faz parte do fórum dos desmobilizados. Ele não passa de um infiltrado foi expulso de uma associação dos desmobilizados e veio cair no fórum que dirijo, intitulando-se de porta-voz nacional, o que não constitui a verdade”, conta para depois acrescentar que os desmobilizados de guerra não se podem deixar levar pelas trapalhices de Jossias Matsena que só pretende criar desavenças no seio da colectividade.
Entretanto, o desmobilizado de guerra, detido esta manhã, disse que no Comando da PRM da Cidade de Maputo, foi dito que esta quinta-feira 12, teria que comparecer àquele local para receber da polícia uma lista de lugares considerados de exclusão, onde ninguém deve fazer manifestações, sendo um dos sítios, as cercanias do Gabinete do Primeiro-Ministro (sede do Governo), por onde os desmobilizados têm se reunido para fazer manifestações.
Jossias Matsena disse ainda que as manifestações ainda vão continuar, até que consigam falar com o Presidente da República, Armando Guebuza, um desejo manifestado em Outubro e até agora não correspondido.