Na tentativa de solucionar um problema que, de há tempos a esta parte, cresce como cogumelos, ante o olhar impávido de quem devia impor a ordem, as polícias de Trânsito e de Protecção da cidade de Nampula confiscaram centenas de motorizadas por falta de licenças de condução e demais documentos imprescindíveis para que os proprietários desses ciclomotores exerçam a actividade de moto-táxi.
Em Nampula abundam veículos motorizados de aluguer para o transporte de passageiros. Possuir este meio circulante é um luxo naquela parcela do país, à semelhança do que acontece na Zambézia. Porém, entre os motociclistas, são poucos os que possuem documentação. Aliás, todos os dias verificam-se casos gritantes de ciclomotores à pinha, com gente a ser transportada como bois e sem capacetes. Há casos de famílias com mais de três elementos que se fazem transportar nas condições a que nos referimos e passam por alguns sítios onde há controlo policial mas pouco ou nada lhes acontece. A Polícia e outras entidades a quem compete a fiscalização rodoviária pouco se interessam em repor a ordem ao longo dos tempos mas, hoje, procuram “remediar” um problema sobre o qual têm feito vista grossa.
Não se sabe ao certo o número de indivíduos que contraíram ferimentos em virtude de viajarem apinhados em motorizadas e meios de protecção, ou que, na pior das hipóteses, perderam a vida; porém, as autoridades policiais alegam que a medida por elas tomada visa reduzir o índice de acidentes de viação. Por exemplo, Júlio Simião, um dos operadores de moto-táxi, disse que realiza esta actividade desde finais de 2013 e a sua motorizada foi apreendida por falta de licença de condução e capacete. Por dia, ele consegue obter 1.500 meticais de receita.
Francisco Raúl, comandante provincial da Polícia de Trânsito (PT) em Nampula, disse que era prematuro pronunciar-se em torno das apreensões em alusão, que, segundo ele, visam desencorajar os motociclistas de se fazerem à via pública em condições irregulares que perigam as suas vidas e das pessoas que transportam. A confiscação vai continuar.