Três distritos de Sofala, nomeadamente Dondo, Muanza e Nhamatanda, foram escolhidos para o projecto piloto de plantio, de forma escalonada, de 600 mil espécies florestais exóticas para a produção de carvão vegetal, em grande escala, sem danos ao meio ambiente.
O empreendimento é liderado pela Associação Para o Desenvolvimento Sustentável (ABIODES-BIOMASSA) sediada em Sofala, onde, desde 2010, fornece plantas e apoia aos mais de cinco mil dos 40 mil camponeses previstos no programa quatrienal.
As espécies exóticas florestais foram escolhidas para servir de matéria-prima para a produção de carvão vegetal pelo facto de serem sustentáveis.
Caracterizam-se pelo rápido crescimento, ocorrendo o seu desenvolvimento em quatro anos. Tal medida poderá, segundo os proponentes do projecto, minorar, a médio prazo, o abate desenfreado de árvores nas florestas dos três distritos abrangidos pelo programa.
O carvão vegetal, que posteriormente será comercializado pelo projecto no mercado da província de Sofala, será produzido numa fabriqueta móvel, cuja montagem está prevista para Junho do próximo ano.
Segundo o “Diário de Moçambique”, Domingos Simbe, supervisor de campo do projecto ABIODES-BIOMASSA, revelou que as plantas exóticas entregues gratuitamente aos camponeses e alguns carvoeiros, são usadas de forma escalonada em solos marginais e sem fertilidade para produção de alimentos.
Neste momento, segundo a fonte do DM, estão abrangidos cinco mil dos 40 mil camponeses previstos, os quais, dentro de três anos, poderão iniciar o abate das referidas árvores.
Sessenta por cento destas serão vendidas ao projecto e o restante 40 por cento para o seu uso pessoal, podendo ser matéria-prima para carvão vegetal e construção de habitações.
“Aquele camponês que cuidar bem das árvores pode, em aproximadamente quatro anos, possuir árvores prontas para o abate. Este projecto é como um dinheiro guardado no banco” – disse Domingos Simbe.
Benefícios ambientais do projecto
Convidado a pronunciar-se sobre os benefícios ambientais do projecto, o entrevistado do DM afirmou que o programa foi desenhado para evitar o abate indiscriminado de árvores por parte dos camponeses, para além de que as referidas plantas propiciam a queda de chuvas.
“As árvores exóticas têm efeito muito benéfico para os solos, pois algumas delas têm a capacidade de repor o nitrogénio, ou seja, adubam os solos. As árvores têm ainda o sistema radicular que no lugar de tornar os solos duros, afofam a terra e à medida em que o camponês fará o abate das árvores ficará com os solos férteis em terra onde anteriormente tinha abandonado” – explicou Domingos Simbe.
“Como disse, por se tratar de áreas criadas pelos camponeses, haverá espaço para a selecção de árvores para o abate” – indicou o nosso entrevistado.
Segundo ainda o “Diário de Moçambique”, o projecto também trabalhará com o eucalipto. O coordenador do projecto ABIODES-BIOMASSA, Henderson Maposa, disse, por seu turno, que “no total, queremos, numa primeira fase, colocar no solo 600 mil plantas, numa área de 500 hectares, isto até 2014”.