O Primeiro-Ministro moçambicano, Aires Ali, defendeu, quinta-feira, a necessidade de a piscicultura estar de mãos dadas com as outras componentes do sector da Agricultura, como forma a fazer face o problema da desnutrição, que no país afecta milhares de pessoas.
O Primeiro-Ministro (PM) falava na zona da albufeira dos pequenos Libombos, província meridional de Maputo, durante a visita a um projecto familiar de piscicultura.
Na ocasião, Aires Ali orientou as autoridades no sentido de mobilizarem as populações da província para que repliquem esta iniciativa, suprindo, deste modo, as suas necessidades alimentares.
Um dos problemas com que os praticantes da piscicultura se deparam e’ a falta da ração apropriada para alimentar os peixes, pelo facto de a mesma ainda não ser produzida em Moçambique. Os produtores da ração advogam a inexistência de um número significativo de piscicultores para justificar a sua produção.
Sobre o assunto, o governante moçambicano disse não ser necessário esperar pela disponibilidade da ração para se expandir a iniciativa, devendo-se, sim, recorrer as alternativas possíveis.
Por exemplo, a família Nhantumbo, proprietária do projecto visitado pelo PM, recorre a ração destinada a frangos, bem como estrume de vaca e ureia.
“Não temos que esperar a disponibilidade da ração, temos de avançar recorrendo as alternativas possíveis” disse Ali, para quem se torna necessário evitar o “o ciclo vicioso de que não podemos praticar a piscicultura porque não há ração e, por outro lado, não se pode produzir ração porque não existem piscicultores que justifiquem os investimentos”.
Falando especificamente sobre o projecto, o Primeiro-Ministro disse ser uma boa iniciativa que se deve estimular, porque se enquadra naquilo que é o programa do governo.
“Queremos esses projectos replicados, porque são fundamentais para acabar com a desnutrição em Moçambique, que é bem elevada”, afirmou.
Aires Ali reconheceu a partilha de responsabilidades neste tipo de iniciativas, entre o produtor e o governo. Assim, enquanto os piscicultores trabalham na componente produtiva, o governo tem a missão de criar incentivos, disseminar a informação e prestar a assistência técnica.
Ao nível da província de Maputo, segundo o director das pescas desta parcela do país, existem 17 projectos de piscicultura. O projecto dos Pequenos Libombos, que ainda se encontra numa fase inicial, está avaliado em 1,2 milhões de meticais (cerca de 40 mil dólares ao câmbio corrente), que também inclui uma componente agrícola.
O mesmo foi financiado pelo Fundo de Desenvolvimento distrital (FDD), uma iniciativa instituída pelo governo moçambicano em 2006 e que tem como principais objectivos a criação de emprego, redução da pobreza e estimular o desenvolvimento nacional.