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Pescadores indianos dizem que o barco dos EUA disparou sem aviso

Os pescadores indianos que sobreviveram à saraivada de disparos dum navio militar dos Estados Unidos na costa dos Emirados Árabes Unidos contestaram a versão norte-americana de que o barco pesqueiro teria ignorado sucessivos avisos para afastar-se da embarcação militar.

Um indiano morreu e três outros ficaram feridos, Segunda-feira (16), por causa dos disparos feitos pelo navio de reabastecimento USNS Rappahannock contra o barco pesqueiro.

O incidente mostrou o potencial para uma rápida escalada em incidentes nas águas do golfo Pérsico, onde forças dos Estados Unidos têm ampliado a sua presença, no meio da tensão de Washington com o Irão por causa do programa nuclear desse país.

Os militares dos EUA disseram que o barco pesqueiro aproximou-se perigosamente do navio militar e ignorou vários avisos para afastar-se.

Mas os pescadores, hospitalizados com ferimentos depois do incidente perto do porto de Jebel Ali, em Dubai, disseram, esta Terça-feira (17), que o barco pesqueiro tentou evitar qualquer contacto com o navio norte-americano e que os disparos começaram sem aviso prévio.

“Não houve alerta nenhum do outro navio, estávamos a acelerar para tentar contorná-los e aí de repente fomos alvejados”, disse à Reuters o pescador Muthu Muniraj, de 28 anos, que teve as pernas perfuradas por estilhaços de um projéctil calibre .50.

“Conhecemos os sinais e sons de alerta, e não houve nenhum; foi muito repentino. Meu amigo foi morto, foi embora. Não entendo o que aconteceu.”

Outros tripulantes do barco pesqueiro, um total de seis indianos e dois cidadãos dos Emirados, contaram que o barco foi alvejado depois de pescar nas águas próximas a Jebel Ali.

“Estávamos a pescar e aí no caminho de volta começaram a disparar contra nós, muitos tiros, como uma tempestade”, disse Muthu Kannan, de 35 anos, atingido no abdómen e na parte inferior duma perna.

“Não é a primeira vez que saímos de barco, e todos nós sabemos o que é um alerta”, disse Pandu Sanadhan, de 26 anos. “Tudo de que consigo lembrar-me é dum monte de tiros.”

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