A escritora moçambicana Paulina Chiziane lançou, quarta-feira, 26 de Julho, a sua mais recente obra literária, intitulada “O Canto dos Escravos”, na qual fala do percurso dos africanos no nosso País e fora do continente.
Composto por 122 páginas, divididas em sete capítulos, o livro pretende ser uma celebração da existência do negro, da dor, da alegria e da esperança, de modo a transformá-lo num diálogo entre o passado, o presente e o futuro.
Com esta obra, Paulina Chiziane convida os leitores à reflexão sobre a nova identidade e acções, visando a preservação da liberdade adquirida com a abolição da escravatura e independência dos países africanos. “Em momentos de crise, olhemos para o passado da nossa história. A crise de ontem foi pior que a de hoje, mas para que ela fosse ultrapassada foi necessário que os africanos se unissem. E nós? Com uma crise menor, mas com muitos e melhores recursos do que os nossos antepassados, o que estamos a fazer?”, questionou a escritora.
“O hino nacional, quando diz milhões de braços, uma só força, nos remete à solidariedade. Temos de nos unir para alcançar um objectivo comum, mas nós fazemos o contrário. Insultamo-nos (por exemplo, nos jornais) e matamo-nos. Esquecemos que este momento é crítico. É tempo de deixarmos as diferenças de lado e lutarmos. É tempo de despertamos”, acrescentou Paulina Chiziane.
O lançamento desta obra, que é a décima terceira da Paulina Chiziane, contou com o apoio da operadora de telefonia móvel mcel-Moçambique Celular, que tem a tradição de dar a sua contribuição para a valorização e engrandecimento das artes e letras em particular e da cultura no geral.
Na ocasião, Mahomed Rafique Jussob, presidente do Conselho de Administração da TDM e da mcel, referiu que “ao apoiarmos esta obra literária, pretendemos contribuir para o crescimento da literatura moçambicana e, por via disso, incentivar e estimular o gosto pela leitura nas pessoas, o que se irá reflectir no desenvolvimento da educação do nosso País”.
“O apoio à cultura, no geral, e à literatura, em particular, constitui um desafio muito grande para a promoção da identidade nacional dada a importância que representam na elevação e dignificação da moçambicanidade”, considerou o presidente do Conselho de Administração da TDM e da mcel, para quem “O Canto dos Escravos” se reveste de valores que identificam o nosso País.
Paulina Chiziane, de 62 anos de idade, é natural de Manjacaze, província de Gaza, e estreou-se nas lides literárias em 1990, com a obra “Balada de Amor ao Vento”. O seu percurso literário inclui os livros “Ventos do Apocalipse”, “O Sétimo Juramento”, “Niketche”, “O Alegre Canto da Perdiz”, “Na Mão de Deus”, “As Andorinhas”, “Quero Ser Alguém”, “As Heroínas Sem Nome”, “Ocupali”, “Por Quem Vibram os Tambores do Além”, “Ngoma Yethu”, para além de “O Canto dos Escravos”.
As suas obras valeram-lhe diversas distinções no País e no mundo, sendo de destacar o Prémio Literário José Craveirinha (pela obra Niketche), o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (pelo governo português) , Ordem do Cruzeiro do Sul (pelo governo brasileiro), entre outras.