O partido MPLA, que governa Angola desde a independência, acusou três grupos de oposição de estarem a promover distúrbios durante a campanha para as eleições geral de 31 de Agosto, ao ajudarem os veteranos da guerra civil a planearem protestos pelo pagamento de subsídios atrasados.
A acusação reflecte as tensões na actual campanha eleitoral, a segunda depois do fim, em 2002, duma guerra civil que durou 27 anos. O porta-voz do MPLA, Rui Falcão, disse em entrevista colectiva que o seu partido tem feito uma campanha limpa, mas que “infelizmente esse não tem sido o tom seguido por alguns dos partidos da oposição”.
“?Está claro nas transmissões das suas campanha que desejam distorcer e manipular, e é isso que eles têm feito com os ex-soldados”, disse Falcão. “?Soubemos que há planos para manifestações, distúrbios, a 12 e 18 de Agosto”, acrescentou. “?Caberá aos órgãos estatais agir e, se necessário, restaurar a ordem pública.”
Segundo eles, os partidos envolvidos no apoio aos protestos são a Unita, principal grupo da oposição, o Casa-CE, formado, este ano, por um ex-dirigente da Unita, e o PRS, que tem oito deputados.
O porta-voz da Unita, Alcides Sakala, negou as acusações. “Elas são completamente falsas, sem fundamento. São declarações feitas para desviar a atenção das questões verdadeiras, dadas as dificuldades que o MPLA está a enfrentar na campanha, uma vez que a Unita continua a reunir um grande apoio.”
Milhares de veteranos participaram de passeatas nos últimos dois meses, pedindo o pagamento de pensões e subsídios atrasados. Os líderes dos protestos dizem que cerca de 60 mil veteranos aguardam esses pagamentos.
A polícia usou disparos de advertência e gás lacrimogéneo para dispersar uma manifestação, e fez várias detenções noutra. Falcão disse que o governo está a tentar resolver o problema, mas que o grande número de solicitações impede que o processo seja mais veloz.
Pela Constituição de 2010, o líder da lista partidária mais votada nas eleições parlamentares torna-se presidente, sem uma votação em separado.
José Eduardo dos Santos, no poder há 32 anos, deve conseguir um novo mandato, ajudado pelo controle do MPLA sobre a imprensa estatal e por ter mais recursos para a campanha.
MPLA e Unita se enfrentaram entre 1975 e 2002 numa guerra civil que devastou a ex-colónia portuguesa, hoje é o segundo maior produtor de petróleo da África.