A governista União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica (ZANU-PF) lidera a apuração de votos nas eleições no Zimbabwe, de acordo com resultado parcial divulgado pela comissão eleitoral nesta sexta-feira. Com isso, o ditador Robert Mugabe, 89, ganharia mais cinco anos no poder. Há 33 anos sob o comando do país, Mugabe enfrentou na última quarta (31) o atual primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, num pleito que ocorreu de forma pacífica, mas com diversas denúncias de fraude. Na quinta (1), o rival do ditador disse que as eleições foram “uma farsa, nulas e vazias”.
Segundo o jornal estatal “The Herald”, o partido do atual mandatário ganhou em 54 das 73 circunscrições já apuradas, pouco mais de um terço das 210 distritos eleitorais do país. Cada distrito seleciona um candidato para o Parlamento. O partido que conseguir a maioria também fica com a Presidência.
Os resultados definitivos só serão conhecidos na segunda (5), mas o diário diz que a indicação é que Mugabe vença o pleito com folga. “Tudo indica que Mugabe vai ganhar com uma margem colossal, num momento no qual seu partido conseguiu dois terços das cadeiras”.
Apesar da divulgação oficial do resultado, os candidatos e os partidos políticos são proibidos de se pronunciar oficialmente sobre as parciais até que saia a contagem final. Caso descumpram, seus integrantes podem ser presos.
OBSERVADORES
Apesar das suspeitas de fraude, as organizações que observam o pleito dizem que a eleição aparentemente foi justa. Nesta sexta, a Comunidade Sul-Africana de Desenvolvimento (SADC, em inglês) afirmou que o pleito foi “livre e pacífico” e pediu para os candidatos aceitem os resultados.
Mais cedo, a União Africana foi mais contida. O chefe da missão do bloco, Olesegun Obasanjo, afirmou que a eleição foi livre e justa, até que se prove o contrário. Ele pediu que as autoridades confirmem as denúncias da oposição de que a lista de eleitores foi alterada e que diversos votantes não puderam sufragar.
Segundo ativistas da oposição, cerca de 1 milhão de pessoas dos 6 milhões inscritos para votar não estavam com os seus nomes nas listas. “Se 25% dos eleitores não foram autorizados a votar, a eleição é fatalmente falha”, disse Obasanjo.
Na quinta (1º, o primeiro ministro Morgan Tsvangirai disse que a eleição foi fortemente manipulada e não cumpriu com os padrões de pleitos regionais e da União Africana.
É a terceira vez que ele e seu partido, o Movimento pela Mudança Democrática (MDC), tentam vencer o ditador, que está há 33 anos no poder. Na última eleição, em 2008, ele também qualificou a eleição de fraudulenta e não aceitou o resultado. As suspeitas de violações detonaram uma onda de violência entre aliados e detratores de Mugabe que deixou mais de 200 mortos.