O governo do presidente Hugo Chávez conquistou a maioria das vagas nas eleições para o Parlamento realizadas no domingo, mas perdeu a maioria qualificada, o que levará a base do governo na Assembleia Nacional a ter de negociar com a oposição a aprovação de projetos de leis. De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral, o partido no poder, PSUV, conquistou 95 cadeiras das 165 em disputa.
A oposição, por sua vez, ficou com 61 vagas, mais de um terço da composição da Casa. O partido dissidente do chavismo, PPT, obteve duas vagas. Ainda estão por ser contabilizados os votos de outros sete postos que ainda devem ser anunciados esta segunda-feira. A participação dos eleitores foi de 66,45%, uma das mais altas da história para eleições legislativas.
“Nós alcançamos um importante resultado eleitoral, mas não foi possível conseguir os dois terços. Temos por enquanto 95 deputados, uma maioria contundente”, afirmou o dirigente do PSUV, Aristobulo Isturiz, diante de milhares de simpatizantes do governo. “A meta não foi alcançada, mas esse esforço reafirma-nos como a primeira força política do nosso país”, afirmou Isturiz, em um brevíssimo discurso.
Minutos depois, Chávez escreveu no seu perfil no twitter: “Socialismo bolivariano e democrático. Devemos continuar a fortalecer a revolução. Uma nova vitória do povo, parabéns”, escreveu o presidente. Apesar disso, os resultados não correspondem às expectativas do governo, que horas antes, extra-oficialmente, comemorava a conquista de pelo menos dois terços da Assembleia Nacional.
O governo procarava manter a maioria absoluta na casa, de pelo menos dois terços das cadeiras do Parlamento, para poder avançar com as reformas do projeto da revolução bolivariana, sem ter de negociar com a oposição.
O resultado é uma “derrota” para o governo, na opinião do analista político Javier Biardeau, professor da Universidade Central da Venezuela. “É uma derrota política que aponta mudanças no perfil político com que se vinha governando”, afirmou. “É um dos piores cenários para o governo. Voltamos a uma conjuntura semelhante à de 2002”, quando a Venezuela viveu o auge da crise política que derivou no golpe de Estado de abril daquele ano, afirmou Biardeau à BBC Brasil.
O porta-voz da coligação opositora MUD, Ramón Guillermo Aveledo, disse que o eleitorado opositor “deverá crescer” nos próximos dois anos, antecipando a disputa para as eleições presidenciais de 2012.