Milhares de apoiantes do presidente islâmico deposto do Egito, Mohamed Mursi, marcharam por bairros do Cairo e de outras cidades nesta sexta-feira para exigir seu retorno, ignorando advertências de que as forças de segurança abririam fogo se os protestos se tornassem violentos.
Depois de uma relativa calmaria após a prisão de muitos líderes da Irmandade Muçulmana, os protestos desta sexta-feira foram o maior desafio dos partidários de Mursi ao governo apoiado pelos militares desde os confrontos de duas semanas atrás, em que centenas de manifestantes foram mortos.
Um funcionário do Ministério da Saúde em Port Said, no Canal de Suez, disse que um manifestante foi morto e outros 21 ficaram feridos em confrontos entre apoiadores e opositores de Mursi. O único confronto relatado entre manifestantes e forças de segurança aconteceu do lado de fora de uma mesquita em Gizé, nos arredores do Cairo, segundo a televisão estatal.
O governo apoiado pelo Exército prendeu a maioria dos líderes da Irmandade Muçulmana, da qual Mursi faz parte, desde que o presidente foi derrubado, em 3 de julho. Forças de segurança reprimiram diversos protestos, mas não conseguiram silenciar o movimento que governou o Egito durante um ano.
Os manifestantes desta sexta-feira parecem ter escolhido realizar inúmeros protestos espalhados e evitar as maiores praças do Cairo, onde a polícia e tanques estão posicionados, ou o locais de protestos anteriores, como os acampamentos pró-Mursi onde as forças de segurança mataram mais de 600 pessoas em 14 de agosto.
Logo após as orações desta sexta-feira, cerca de 500 manifestantes saíram da mesquita Sahib Rumi, no centro do Cairo, entoando: “Acorde, não tenha medo, o Exército tem que sair!”, e “O Egito é islâmico, não é secular!”.
No meio da tarde, milhares de pessoas marcharam em vários outros bairros e subúrbios do Cairo. Soldados se juntaram a policiais de capacete em uniformes pretos e coletes à prova de bala, armados com armas de gás lacrimogêneo e fuzis semiautomáticos, em vários pontos perto dos protestos.
As forças bloquearam o acesso a uma das pontes sobre o Nilo. Marchas de tamanho semelhante foram realizadas em Alexandria, no litoral, em várias cidades do Delta do Nilo, nas três cidades do Canal de Suez: Suez, Ismailia e Port Said, e em outros locais.