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Partidários de Ahmadinejad e de Moussavi medem forças em Teerão

Partidários de Mahmoud Ahmadinejad voltaram às ruas de Teerão nesta terça-feira, dia em que seu principal adversário, Mir Hossein Moussavi, pediu aos que contestam a reeleição do presidente a permanecer em casa, para evitar mais violência após a morte, na véspera, de sete civis.

No meio à tensão crescente, as autoridades proibiram a cobertura, pela imprensa estrangeira, dos acontecimentos em curso, num momento em que o Irã vive uma onda de cólera popular sem precedentes desde a revolução islâmica de 1979. Mesmo a cobertura da manifestação favorável ao presidente ultraconservador, orquestrada pelo poder, era muito difícil.

As autoridades iranianas proibiram a imprensa estrangeira, a partir desta terça-feira de cobrir, além das manifestações ilegais, qualquer acontecimento que não esteja no “programa” do ministério da Cultura e do guia islâmico.

A televisão do Estado mostrou imagens de vários milhares de pessoas no centro da cidade, uma manifestação que apresentou como “marcha da unificação”. “Como vocês veem, há pessoas de toda a espécie aqui”, diz um comentarista, sem mostrar jamais um close ou um plano mais aproximado dos participantes.

Depois da passeata dos partidários de Ahmadnejad, os organizadores acusaram “os inimigos, principalmente Estados Unidos, Grã-Bretanha e Israel” de “intrometer-se nos assuntos iranianos, de conspirar contra o Governo e de oferecer apoio aos grupos inimigos na mídia, tentando alimentar o caos na República Islâmica”.

O lado de Mir Hossein Moussavi também realizou manifestação, uma hora antes da efetuada pelos partidários do poder, a que a imprensa estrangeira também não foi autorizada a cobrir. Foi na parte norte da cidade, segundo o site do canal estatal PressTv e “se transformou em grande manifestação na praça Vanak”, assinala a página web. Em seguida, os participantes se dispersaram em calma, segundo testemunhas ouvidas pela AFP.

Mir Hossein Moussavi havia pedido, no entanto, a centenas de milhares de pessoas que ficassem em casa para “evitar a armadilha de confrontos planejados”, segundo seu assessor Abolfazl Fateh. Na véspera, sete civis foram mortos, segundo a oficial Radio Payam, após tomarem uma base da milícia radical islâmica do bassidj, particularmente odiada pelos manifestantes.

Moussavi foi o primeiro a questionar os resultados do pleito que lhe deram apenas 34% dos votos, apesar de uma mobilização histórica de 85% dos eleitores inscritos que o beneficiava; e dirigiu sua reclamação ao Conselho de guardiões da Constituição. Este Conselho, cujos membros são nomeados diretamente e indiretamente pelo guia supremo, e que é encarregado de validar o resultado das eleições e examinar as queixas, se disse pronto para recontar os votos nas urnas que vêm sendo objeto de contestação por parte dos candidatos”.

O questionamento, muito forte em Teerão, palco de confrontos no sábado e de manifestações violentas domingo, também ganhou as cidades da província, em particular Machhad, Ispahan, Shiraz, segundo testemunhas. Dois importantes líderes reformistas ligados ao ex-presidente Mohammad Khatami, Saïd Hajarian e Mohammad Ali Abtahi, foram detidos na madrugada desta terça-feira, segundo um líder reformista.

A força da mobilização contra a reeleição de Ahmadinejad, e a violência que se seguiu, começa a fissurar a unidade do poder. Na manhã desta terça-feira, o presidente do Parlamento Ali Larijani, um personagem dos mais influentes do lado conservador, culpou o ministro do Interior, Sadegh Mahsouli, por ataques a estudantes e moradores de uma cidade do norte de Teerão, domingo. Uma comissão do Parlamento, dominada pelos conservadores, também abriu um inquérito sobre o ataque, por milicianos radicais, domingo, a um dormitório da Universidade de Teerão.

Em visita à Rússia, o presidente Ahmadinejad nada comentou sobre a crise no Irão, apesar de numerosas vozes no exterior se elevarem contra as violências. Roma falou sobre “mortes inaceitáveis”, Bruxelas se disse “muito preocupada” e Londres fez um apelo à retenção, em Teerão.

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