O governo paraguaio decretou nesta terça-feira uma “emergência alimentar” por um período de 90 dias para ajudar os agricultores afetados por uma seca prolongada que destruiu grande parte dos cultivos de subsistência. A falta de chuvas também afetou a produção mecanizada de soja, o principal produto de exportação do país, e segundo analistas é provável que reduza a projeção de crescimento da economia, muito dependente das vendas agrícolas ao exterior.
O decreto do Executivo declara a emergência “para atender as necessidades extremas das famílias campesinas e indígenas da agricultura familiar” por causa da seca e autoriza a vários organismos que adotem medidas administrativas e financeiras para lidar com o problema.
Na prática, a determinação implicaria na distribuição de sementes para agricultores, assim como de alimentos não perecíveis durante o tempo que durar a emergência, explicou um funcionário do governo. “Para nós, o que interessa é que a maioria da população possa contar com áreas de subsistência”, disse a jornalistas o ministro da Agricultura e Pecuária, Enzo Cardozo, ao anunciar o decreto de emergência. Além disso, analisa-se a possibilidade de refinanciar as dívidas de pequenos produtores com entidades financeiras do Estado, como o Banco Nacional de Fomento, acrescentou.
O Ministério de Agricultura e Pecuária destacou em um comunicado que será o encarregado de coordenar as ações. A seca comprometeu os cultivos de consumo familiar como o milho, a mandioca, o amendoim e o feijão, além de frutas e vegetais e a produção de carne.
O vice-ministro da Agricultura disse há alguns dias que 40 por cento das plantações foram afetadas. As condições climáticas que castigam toda a região sul do continente são atribuídas ao fenômeno meteorológico La Niña, que segundo especialistas pode se estender até abril.
A escassez das chuvas também atinge o comércio exterior devido à baixa do rio Paraguai, principal via de transporte dos produtos nos portos do Rio da Prata.